2 Maio 2024, Quinta-feira
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“Um amor que afinal era Deus”: As ‘Confissões’ de Mário Moura

Prestes a completar 96 anos, médico que fez toda a carreira em Setúbal, partilha em livro o “amor eterno” que viveu com a mulher, Ana Maria. “Estou nu, mas não me importo”

 

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“Uma biografia de dois seres que viveram o amor que afinal era Deus, o construtor de vidas, a semente do Bem e da fraternidade entre os homens”, é assim que Mário Moura apresenta, numa frase, o livro que lançou este fim-de-semana.

O médico, que completa 96 anos no próximo mês de Dezembro, publicou “Confissões”, um livro de quase 500 páginas, como homenagem à mulher de toda a vida, com quem teve cinco filhos, e que faleceu há quatro anos.

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Mário Moura e Ana Maria conheceram-se em Setúbal, quando o clinico iniciou a carreira no antigo Hospital do Espírito Santo, e viveram toda a vida em comum na cidade sadina. Tanto no livro, como na apresentação pública, que teve lugar este sábado nos Paços do Concelho de Setúbal, o médico dá testemunho inflamado de um amor feito da paixão “louca e feroz” que viveram.

Conta quase tudo, incluindo as “apetências sexuais”, pelo que confessa despir-se completamente através do que escreveu. “Estou nu, mas não me importo”, declarou perante uma assistência de várias dezenas de pessoas, entre as quais os presidentes das juntas de freguesia de São Sebastião, Luís de Matos, e de Setúbal, Rui Canas. O bispo D. Américo Aguiar também passou pelos Paços do Concelho para dar um abraço a Mário Moura.

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Para que ninguém se sinta melindrado com as ‘Confissões’, o autor deixa dois avisos aos leitores: “Que estão a ler um diário e que não tenho pejo nenhum em mostrar a face erótica do meu amor”. Com esta publicação, que é uma edição de autor, Mário Moura pretende “fazer o relato de uma paixão arrasadora”, mostrar que “Deus tem alguma coisa a ver com a persistência dessa paixão” e homenagear a “mulher extraordinária que foi Ana Maria”.

Na apresentação do livro, com uma longa intervenção que encantou os presentes, o médico partilhou algumas das suas muitas memórias, como quando chegou a Setúbal, jovem e recém-formado, e desceu do comboio para ficar “no meio de laranjais”, já com vontade de embarcar de volta a Coimbra. De como Setúbal era de uma “pobreza arrasadora”: “De um lado era o Bairro do Troino, do outro estava em construção o Bairro da Conceição, e o resto eram só barracas”.

 

Viriato Soromenho-Marques: “Um livro surpreendente e improvável”

A apresentação do livro esteve a cargo de Viriato Soromenho-Marques, amigo do médico que conhece há exactamente 50 anos, desde que escreveu a primeira crónica para o antigo jornal diocesano “Notícias de Setúbal”, que Mário Moura dirigia.

O professor catedrático classifica o livro como “surpreendente” e “improvável”, por várias ordens de razões, pela idade do autor, pelo género literário, que não é habitual no médico, e pela natureza do escrito, que não é fácil de classificar. O género literário não é nem a biografia nem o romance clássico. “A biografia está presente mas não conduz, é o amor que domina” e também não se enquadra no cânone ocidental do romance tradicional porque “não é um amor que termina em tragédia”.

Pelo contrário, defende Soromenho-Marques, no testemunho escrito por Mário Moura o amor consegue conciliar-se com o mundo que envolve os dois amantes porque tem uma “singularidade”: “A origem desta paixão envolve uma centelha divina”.

A apresentação pública do livro foi promovida por Eugénio Fonseca, que destacou Mário Moura como “um exemplo para todos nós que, às vezes, com pequenas maleitas nos queixamos de que não vale a pena” e contou com a presença do padre José Lobato. O clérigo definiu o médico como “um pensador e um homem de afáveis sentimentos, sem ódios ou quezílias, mas sempre frontal nas suas posições”.

Mário Moura, que é um dos mais antigos colaboradores regulares d’O SETUBALENSE, tem já sete livros publicados (dois dos quais científicos, de medicina) e prepara-se para publicar mais um, já em dezembro, com algumas das crónicas que assina às quartas-feiras no jornal.

 

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