19 Abril 2024, Sexta-feira
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Nuno Carvalho: “O PSD foi a voz da região na Assembleia da República”

Candidato às eleições legislativas aponta ao crescimento do número de deputados

 

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Aos 39 anos, volta a ser cabeça-de-lista pelo distrito de Setúbal, numa escolha pessoal de Rui Rio. É licenciado em Direito, com especialização em Finanças. Nuno Carvalho, que diz ter sido o deputado por Setúbal que mais trabalho desenvolveu na actual legislatura, afirma que o PSD vai eleger mais do que os três deputados que conseguiu em 2019.

Que balanço faz destes dois anos em que esteve como deputado na Assembleia da República?

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Conseguimos dar voz à região numa série de temas, o que era fundamental. A nível da mobilidade, a questão das NUTS, que foi muito debatida, questões ambientais importantes, como as dragagens e a contaminação de solos. Apesar do distrito, e até muito em particular a Península de Setúbal, terem alguns temas que parecem quase a papel químico dos temas nacionais, como a saúde ou os transportes públicos, as soluções são muito especificas. E era importante que houvesse uma voz no Parlamento que conseguisse focar essas soluções. Isso faz-se nas audições com os ministros, questionando de uma forma clara e com muita firmeza.

E acha que foi essa voz, mais do que os outros deputados também eleitos pelo Distrito?

Sinto que o PSD conseguiu ser essa voz, em primeiro lugar porque, muitas vezes, estava sozinho, em muitas audições, a falar sobre o Distrito de Setúbal. Nota-se, de forma evidente, que PCP, PS e BE trabalham muito bem juntos, mas não em prol da população. E isso notou-se especialmente na parte final, em que PCP e BE, pareciam dois lobos que tratavam a Península de Setúbal, o Distrito de Setúbal como uma ovelha. Os lobos votavam o que era o jantar e a ovelha é que era o jantar. No distrito, temos um peso muito grande de PS e PCP na gestão das Câmaras Municipais e, na prática, vê-se a mesma situação, assim como nestes últimos seis anos de governo do PS. Isto reflecte-se em algo simples, falta de capacidade de reivindicação. Um exemplo muito claro é o das NUTS. Eu participei em mais de uma centena de audições sobre diferentes temas, mas estas das NUTS é um excelente exemplo. O tema volta a ser mencionado numa circunstância claramente eleitoral, em que se atira um prazo para Fevereiro. Mais relevante do que isto, é que percebemos que António Costa, até às autárquicas, até a Câmara Municipal de Lisboa passar a ser do PSD nunca quis saber do tema. Até a Câmara de Lisboa e a o panorama da Área Metropolitana de Lisboa ter sido alterado, o PCP e o PS trataram este tema de uma forma diferente daquilo que tratam agora. O PCP acelerou primeiro que o PS, mas acelerou tarde e vem muito atrás daquilo que foram as reivindicações e iniciativas do PSD, que inclusivamente marcou um debate sobre esta matéria. E, acima de tudo, o PS atira como uma solução para Fevereiro. Não se pode tratar Lisboa como a boneca de porcelana, por muito carinho que António Costa tenha, e depois a Península de Setúbal como uma boneca de trapos.

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Diz que quando o PS perdeu a Câmara de Lisboa mudou de postura? Que utilidade tem essa mudança para os interesses do PS?

Torna-se claro e evidente que a Península de Setúbal, ao estar inserida na Área Metropolitana de Lisboa, baixa a média no que toca aos indicadores sócio-económicos, e permite a atribuição de fundos, o que significa que Lisboa ganha neste aspecto porque tem acesso a um conjunto de instrumentos que, muito provavelmente, não teria. Contudo, o que se nota de diferente é a postura do PS que, com alteração do mapa autárquicoe muito particularmente de Lisboa, de repente encontra uma disponibilidade para já reconhecer que uma coisa é a Península de Setúbal estar perto de Lisboa, outra coisa é chamar a Península de Setúbal a mesma coisa que Lisboa. A verdade é que não é. É um reconhecimento que já vem tarde. Esperemos que isto não seja fogo-de-vista e que, em Fevereiro, o bocadinho de doce afinal não seja tudo sal.

Como vê a renovação da confiança por parte de Rui Rio em si para ser novamente o número um?

Acima de tudo, sinto-me sempre honrado por servir a minha região e agradecido por quem me permite fazê-lo. A minha postura na política, é uma postura desprendida, na perspectiva de uma legislatura que me permita completar um conjunto de projectos fundamentais para a região. Falei aqui de um, muito importante, que é a contaminação dos solos. Sabemos o que acontece em Sesimbra, em Setúbal, com o chamado caso Metalimex, e em muitos outros locais em que temos uma contaminação de solos brutal na Península de Setúbal. Temos outros problemas ambientais, como a questão das dragagens do Sado, onde houve uma consulta pública que falhou completamente na informação e no processo. Uma região como a nossa, que está muito sujeita a uma grande pressão, a nível de construção e de desenvolvimento da indústria, tem que ter o ambiente como prioritário. Se isso não acontecer, não estamos só a deixar uma grande pegada para o futuro, mas estamos já de forma imediata a fazer algo que é contrário àquilo que a população quer.

Volto à pergunta. Que significado político tem a aposta de Rui Rio em si? Que causa encontra para essa confiança, agora renovada, do líder do partido?

É ser uma voz do Distrito de Setúbal no Parlamento que, não apenas pela quantidade – estatisticamente é verdade que tenho o maior número de participações, audições, requerimentos e perguntas – mas também a nível de qualidade. Há muitos anos que não se via o nome do Distrito de Setúbal, dos diferentes concelhos, a serem mencionados no Parlamento da forma como conseguimos. Dei vários exemplos, mas posso continuar com a questão dos mariscadores de Alcochete, em que apresentamos um projecto de resolução, e estivemos presentes num debate que foi fundamental para chamar à atenção daquilo que se passava. E muitos outros que não conseguimos colocar com tempo.

O que afirma é que, nesta legislatura que termina, foi o deputado do Distrito de Setúbal que mais iniciativas teve na Assembleia da República?

Digo de forma clara que, no que diz respeito à participação em audições do Orçamento do Estado, audições regimentais, nas perguntas que eram necessárias ser dirigidas – as últimas foram referentes ao Hospital de Setúbal, mas passámos por várias outras, como o aeroporto do Montijo -, efectivamente, o PSD foi claramente o partido líder no que diz respeito a essas iniciativas, do ponto de vista quantitativo e do ponto de vista qualitativo.

Ainda sobre a lista; a seguir a si os nomes são Fernando Negrão e Fernanda Velez. Esta lista já mereceu críticas internas. Por exemplo, João Afonso, do Montijo, diz que se trata da “continuação do pesadelo”. Como é que responde a estas críticas?

A lista também é composta por João Pedro Louro, por Paulo Ribeiro, que é o presidente da Distrital, por Cláudia Oliveira, que é indicada pelo Seixal. E estou a mencionar apenas seis nomes porque será normal que o PSD, ao querer vencer estas eleições, eleja mais deputados. O ponto é esse, o PSD vai eleger mais deputados. Sei que todos estes deputados estão focados em defender a sua terra. As críticas fazem parte da democracia, mas, acima de tudo, neste momento as pessoas o que querem ouvir sãos as propostas para a nossa região.

Espera ver nomes que estiveram ao lado de Paulo Rangel nestas últimas eleições internas, como Bruno Vitorino ou Pedro do Ó Ramos na campanha eleitoral?

Acho normalíssimo que todos os militantes participem. São militantes e a expectativa é que possam participar e dar o seu contributo. Não vejo em que medida é que isso possa ser tema. A não ser num aspecto simples; que a democracia no PSD respira muito melhor que nos outros partidos. Aliás, vê-se que António Costa também tem as suas questões, no que diz respeito ao tratamento de listas, na Comissão Nacional também teve críticas, mas essas críticas ecoam cá fora de uma forma muito mais, eu diria, controlada. No PSD a democracia é espontânea. Portanto, qualquer militante que queira falar, fala. E isso traz uma outra vantagem, é que esse debate não é apenas sobre a forma como o PSD dirige o seu processo eleitoral interno, mas como se apresenta aos eleitores. E, por isso, é que se viu e vê, que o PSD consegue liderar com um conjunto de temas. Onde é que estava o PS nas dragagens? Onde é que estava o PS nas NUTS? Onde é que estava o PS na questão das mobilidades? Inclusive na Transtejo, os barcos que estavam há anos para serem adquiridos, chegaram tarde, sem manutenção. Onde é que estava o PS?

Tem estado na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros e é a segunda vez que o líder do partido lhe dá confiança. Se Rui Rio chegar a primeiro-ministro e o convidar para o governo, está disponível?

Isso está na cabeça do presidente do partido. Fico até lisonjeado com a pergunta, mas a formação de um governo atende a algo que é fundamental, que é ganhar as eleições. O meu foco, como cabeça-de-lista, e estou em perfeita sintonia com a restante lista do PSD, é fazer tudo para que o PSD ganhe as eleições. Estou certo de que qualquer um de nós aceitará qualquer missão que seja colocada a seguir, seja ela como deputado, seja ela com qualquer outra responsabilidade. O PSD tem pessoas muito bem preparadas para desempenhar essas funções e para conseguir fazer com que haja um governo que permita, acima de tudo, olhar para o País com a abrangência necessária. Tivemos demasiado tempo governos do PS que começavam a olhar para o centro-esquerda e depois caminhavam para a esquerda, com temas do PCP e do BE, e esqueciam muitas vezes, por exemplo, as empresas, a carga fiscal da classe média. Não critico o PCP e o BE, sabemos que têm temas próprios, de nicho, para o seu eleitorado. O PS é que escolheu negociar só com partidos que esqueciam uma boa parte do País. O PS decidiu ignorar uma boa parte do País.

E quais vão ser os seus principais temas para esta campanha eleitoral?

Em termos regionais há temas que são fundamentais. Na Península de Setúbal temos uma realidade muito urbana, onde o investimento em transportes públicos, na linha ferroviária, da Fertagus, nas ligações fluviais, é fundamental. Simultaneamente, temos na nossa região problemas ligados à habitação, à falta de capacidade de investimento, por estarmos integrados na AML. Dou um exemplo muito simples, sobre este princípio da Península de Setúbal estar perto de Lisboa, mas não ser Lisboa. Se verificarmos a quantidade de institutos da região de Lisboa e Vale do Tejo que têm sede em Lisboa, alguns em Cascais, creio que o da Agricultura é em Santarém, estão todos concentrados na margem norte do rio. E nesta margem não temos a sede de um único desses institutos, nenhuma das direcções regionais, na saúde, na economia, no turismo… Não fará sentido retirá-los do centro de Lisboa e colocá-los na Península de Setúbal? Isto acontece porque o Estado é o primeiro e o principal mau-exemplo da concentração que existe em Lisboa.

A regionalização entrou definitivamente no calendário político, com horizonte até 2024. Qual é a sua posição? Qual deve ser o lugar da Península de Setúbal numa futura região administrativa?

Confesso-lhe que a forma como foi colocado o debate da regionalização, por parte de António Costa, pareceu-me ser a de alguém que quer um instrumento que pode ser relevante para o desenvolvimento. Mas sem ter uma única ideia de como desenvolver, ajudando as empresas, ajudando na área da educação, para aumentar o nível de qualificação. Ou seja, o debate sobre a regionalização não se pode fazer se não houver uma clara noção de como é que nós vamos para o desenvolvimento económico. Exemplo: na educação, de que forma é que com uma regionalização podemos aumentar o nível de qualificação de todas as pessoas que frequentam o ensino na nossa região? E por que é importante aumentar a qualificação? Porque isso permite aceder a melhores salários. Acha que as famílias estão interessadas na regionalização se não houver este tipo de respostas tão simples? Acha que essas famílias também não procuram a resposta, por exemplo, na área da saúde? Será que é uma regionalização que nos vai resolver o problema dos centros de saúde do Seixal?

Mas isso significa que também tem dúvidas sobre se já estamos preparados para concretizar a regionalização? Que o momento não é certo? Que a regionalização não é necessária? Qual é o seu pensamento?

Significa que não tenho dúvidas de que discutir a regionalização, sem discutir as políticas e a forma de as executar, na saúde, na economia, na educação, é a mesma coisa que não querer discutir o falhanço que estas têm sido. Porque a regionalização, só por si, não funciona, se nós dissermos que vamos centralizar. A regionalização funciona se houver uma visão de como vamos decidir sobre estas políticas. E o que vemos de forma clara é que António Costa neste momento está confrontado com a realidade, procura desviar para qualquer coisa que permita desvirtuar o presente e permita pensar num futuro. A regionalização feita desta forma, num debate feito dessa forma, é única e, exclusivamente, pouco séria.

E sobre o mapa da regionalização? Saber qual é o lugar da Península de Setúbal num futuro mapa das regiões administrativas…

A prioridade para a Península de Setúbal é ser uma NUTS III e uma NUTS II. Se me perguntar se eu acho que é desajustado o primeiro-ministro, após seis anos de insistência sobre este tema, dizer, a um mês das eleições, que finalmente reconheceu os apelos da região, sindicatos, universidades, empresas, direi que vem tarde, e é um claro sinal de que ele não foi um bom primeiro-ministro para esta região.

E a localização do aeroporto? O Presidente da República diz que é necessário uma decisão no próximo ano. Concorda com isso e para si a decisão já está tomada, pelo Montijo ou por Alcochete? Ou vai confiar naquilo que a avaliação ambiental estratégica definir?

Acima de tudo, é importante lembrar que não há um aeroporto ainda porque os partidos que estavam associados à governação, PS, BE E PCP, decidiram bloquear o aeroporto. Em duas câmaras do PCP, Moita e Seixal, os senhores presidentes decidiram utilizar uma lei, com toda a legitimidade, para dizer que discordavam politicamente de um dos principais investimentos para o País e de um dos principais investimentos para a região. É preciso perceber que esta esquizofrenia política entre PS, PCP e BE ajudou algumas vezes a dar a ideia de que, se calhar, são oposição, mas não. Eles foram partidos que estiveram próximos, coligados a suportar parlamentarmente um governo que não soube fazer investimento, que já poderia e deveria estar feito com o respectivo estudo de impacte ambiental. A questão que o senhor Presidente da República devia colocar é: por que ainda não está feito? Creio que o próprio já deu essa resposta quando disse que é preciso uma maioria parlamentar estável. E eu acrescento: maioria parlamentar estável que não seja esta, porque esta não decide nada.

Há dois anos, o PSD elegeu três deputados pelo Distrito de Setúbal. Para estas eleições o que considera um bom resultado?

O PSD pretende ganhar as eleições e aumentar o número de deputados em todo o País, e o Distrito de Setúbal não é excepção.

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