Unidade hospitalar tem défice de dois milhões de euros. Líder do PSD explica que valor é “colmatado com injecções de capital e prestações suplementares, o que não deve ser assim”
O presidente do Partido Social Democrata (PSD) disse ontem que o “problema de subfinanciamento” do Hospital de São Bernardo, “em que todos os meses tem um défice superior a dois milhões de euros”, tem “um planeamento errado”.
Isto porque o referido valor é “colmatado com injecções de capital e com prestações suplementares, o que não deve ser assim”, afirmou Rui Rio, após visita à unidade hospitalar, do Centro Hospitalar de Setúbal, para se inteirar dos problemas existentes.
O líder dos social-democratas classificou o estado das instalações como “chocante, designadamente no serviço de urgência”.
“Tive a oportunidade de ver que existe um défice. Não vou dizer degradante porque é uma palavra muito pesada, mas é absolutamente chocante ver que uma pessoa que precise de ir a um hospital e que calhe de ter de vir a este [São Bernardo], de repente se veja ali nos corredores, onde vi, infelizmente, muitas pessoas, a maior parte idosos, mas muitos também que não eram idosos”, confessou Rui Rio.
Para o presidente do PSD, o “problema” que existe actualmente na unidade hospitalar, que “não deixa de marcar quem visita e quem olha”, “estrutural, que carece naturalmente de uma atenção especial e aprofundada”.
No entanto, alertou para o facto de “essa atenção não estar localizada em Setúbal”, o que tem levado, à semelhança do que têm vindo a acontecer um pouco por todo o País, a que muitos médicos “se demitam das suas funções de dirigentes, porque não têm condições para exercer a sua profissão tal como deveria de ser”.
Sobre a covid-19, garantiu ter sido informado de que “não há pressão nenhuma”. “Neste momento [ontem], a pressão sobre o vírus é zero. Não têm nenhum doente infectado internado”.
A nível nacional, referindo-se à “governação do PS [Partido Socialista] nos serviços públicos”, o líder do PSD considera que “o balanço é uma desgraça”, com “a principal área de falhanço a ser efectivamente o Serviço Nacional de Saúde [SNS], que o Governo herdou numa dada circunstância e de lá para cá quase tudo piorou”.
“Experimentem tirar o Cartão do Cidadão ou meter o papel para a reforma. Ainda ontem [quarta-feira] recebi um e-mail de uma portuguesa normal, a contar a história dela e o drama para conseguir obter a reforma a que tem direito”, atacou Rui Rio, a poucas horas do debate de hoje na Assembleia da República, a pedido do PSD, onde se vai “avaliar o estado do SNS e da saúde em global em Portugal”.
Nuno Carvalho Deputado afirma que passos dados “são um autêntico penso rápido”
Para Nuno Carvalho, deputado do PSD eleito pelo círculo de Setúbal, os passos que têm sido dados no sentido de serem resolvidas as lacunas existentes no Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) como a contratação de dez novos médicos e o “próprio ‘timing’ da obra de ampliação” já “vêm tarde e são um autêntico penso rápido”.
“Este é um problema que é muito maior e que já deveria de ter começado a ser resolvido há mais tempo. Agora é correr atrás do tempo perdido, infelizmente”, referiu ontem a O SETUBALENSE, após visita ao Hospital de São Bernardo.
“É efectivamente necessário fazê-lo porque o CHS é fundamental, não só para a população da cidade, mas por ser um hospital de referência para uma região muito maior, que tem especialidades, como a ortopedia, que incluem todo o Distrito”, acrescentou.
