Concessão acontece no âmbito do programa Revive, por um período de 50 anos
A Igreja de Nossa Senhora do Cabo foi, na manhã de ontem, palco do lançamento do concurso para a concessão do Santuário do Cabo Espichel, no âmbito do programa Revive, por um período de 50 anos.
O momento contou com a participação do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais – Finanças, António Mendonça Mendes.
Com área total de construção de 5937 metros quadrados, o investimento a realizar envolverá a criação de um estabelecimento hoteleiro, estabelecimento de alojamento local na modalidade de estabelecimento de hospedagem ou outro projecto com vocação turística.
Nas palavras do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, “o Revive utiliza a memória do País, respeitando-a e procurando projectá-la para as gerações futuras, valorizando e adaptando-as a novas funções”. “Assegura que o que vamos usar no futuro respeita bem a memória do passado”, disse.
Pedro Siza Vieira afirmou ainda que “já várias entidades manifestaram interesse no concurso”. “Vamos esperar agora com o lançamento do concurso que essas manifestações se mantenham e concretizem”.
Luís Araújo, do Turismo de Portugal, por seu turno, fez uma breve apresentação do Revive, programa conjunto dos Ministérios da Economia, Finanças, Defesa e Cultura em parceria com as autarquias locais e o Turismo de Portugal. Este pretende “valorizar e recuperar património devoluto e reforçar a atractividade de várias regiões de Portugal”.
“Temos a certeza de que será um projecto extremamente positivo para a região e para o País. Faremos tudo para proteger o Cabo Espichel, que é um local único e assim deverá permanecer”, sublinhou.
Iniciativa respeita “identidade, religiosidade e fruição pública”
A Câmara Municipal de Sesimbra tem vindo nos últimos anos a recuperar o conjunto edificado do Santuário. Em 2008, estabeleceu um acordo com o proprietário dos terrenos na envolvente, que permitiu avançar com obras de estabilização do edificado e arranjo dos espaços exteriores.
Posteriormente, recuperou a Casa de Água e desenvolveu contactos no sentido de tomar posse da ala Norte, propriedade do Estado, o que só viria a ser possível com a aquisição do imóvel por 321 mil euros à Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças.
Neste sentido, o presidente do município, Francisco Jesus, partilhou que “a recuperação e valorização deste lugar, respeitando sempre a sua identidade, religiosidade e fruição pública, será sem dúvida um impulso enorme para o desenvolvimento da costa ocidental do concelho, no eixo Espichel-Meco-Lagoa de Albufeira, mas também para o País”, devolvendo “a este conjunto de edificado a dignidade que merece, saldando uma dívida do País às gentes do concelho de Sesimbra e à grandiosidade deste património”.
Presente esteve também o Bispo de Setúbal, que considera que, “se existir neste ambiente do Santuário uma parte que se torna hospedaria, com capacidade de acolher pessoas, não é uma dessacralização do ambiente sagrado, é bem pelo contrário a continuação daquilo para que foi feito”.
“Isto foi feito para os peregrinos, para quem chegava, e hoje os peregrinos não vêm apenas pagar promessas ou fazer devoções. Vêm à procura de sentido, de vida, e este é um lugar onde se pode aprender a viver”, explicou.
Para D. José Ornelas, este momento constitui “um virar de página para este local e para o País também”. Com renda anual mínima de 15 mil e 276 euros, a concessão engloba o bem imóvel pertencente ao domínio privado do município de Sesimbra, ala Norte, e parte do bem imóvel propriedade da Confraria de Nossa Senhora do Cabo, ala Sul.
Este é o 24.º concurso lançado no âmbito do Revive e os investidores interessados têm 60 dias para apresentar as suas propostas.