Lídia Sequeira afirma que 2020 foi um ano difícil mas de grandes realizações para o porto sadino. O aprofundamento do canal de acesso ao Porto de Setúbal e a entrada em vigor da Janela Única Logística estão na primeira linha de concretizações
O Porto de Setúbal fez na passada sexta-feira 97 anos de actividade, uma data que não teve comemoração pública devido ao risco pandémico, mas que a presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), Lídia Sequeira, marcou com uma mensagem online, em muito dirigida aos colaboradores das duas infra-estruturas portuárias, onde realçou a “resiliência” de todos para enfrentar este 2020 “atípico”.
Um ano que decorreu de modo “diferente”, mas que classificou como “extremamente importante” para os portos de Setúbal e Sesimbra pelos projectos concretizados e outros já em preparação.
No caso de Setúbal, “acabámos de concluir as dragagens dos canais de acesso ao porto, o que nos permite, a partir de agora, receber a maioria esmagadora dos navios em operação em todo o mundo”, apontou a presidente. Isto porque, com esta intervenção, a barra passou a ter 15 metros de profundidade, e os canais de acesso aos terminais portuários ganharam uma profundidade de 13,5 metros.
Para além de “mais segurança” nas operações no porto, ganharam-se “zonas nos canais que permitem o cruzamento de navios”, o que vem também aumentar a rapidez nas saídas e entradas de navios. “Uma mudança decisiva na operacionalidade motivada pela melhoria significativa dos acessos marítimos, o que corresponde à concretização de um projecto que há 25 anos estava considerado como prioritário no Porto de Setúbal”, lembrou.
Outra concretização deste ano foi o avanço da Janela Única Logística, lançada a 26 de Novembro. Trata-se de uma plataforma digital para apoio à operação marítima portuária. “Este é outro marco histórico”, considerou a presidente da APSS na sua intervenção. “A operação portuária, associada à operação logística, do ponto de origem ao de destino está agora inteiramente digitalizada”.
Também apontada foi a chegada este ano ao Porto de Setúbal de uma nova lancha de pilotagem, que “é muito importante para o acompanhamento das operações de entrada e saída dos navios ao porto”, e ainda a modernização das portarias dos terminais portuários e a implementação de uma estrutura dissipadora de energia na Doca dos Pescadores. Isto para além do ordenamento entre esta actividade profissional com a náutica de recreio. “Damos sempre grande importância aos pescadores”, garantiu Lídia Sequeira.
Porto de Sesimbra também na linha de modernização
Depois de tudo o que foi feito no Porto de Setúbal, a presidente da APSS afirmou este ano também como marco de concretizações no Porto de Sesimbra, entre elas, a construção da ponte-cais 4, que vai “melhorar o ordenamento do porto”. A obra teve início no segundo semestre deste ano, e “ficará concluída, previsivelmente, durante o primeiro trimestre do próximo ano”.
“Vamos separar a actividade náutica de recreio da actividade de pesca. Sabemos que quando as duas estão juntas, quem perde é a pesca, o que não pode acontecer no Porto de Sesimbra, um dos mais importantes do País”.
A nível de intervenção terrestre, nos acessos ao Porto de Setúbal, a presidente da APSS apontou o empenho do conselho de administração para com o projecto associado às descarbonização e transporte ferroviário. “Já tem a autorização da Agência Portuguesa do Ambiente para avançar”, sendo que “o projecto está praticamente concluído entre nós e a Infraestruturas de Portugal”. Diz Lídia Sequeira que este “será o grande projecto de realização do futuro e mudará a face do Porto de Setúbal e a sua operacionalidade”.
Na calha está também a alimentação eléctrica dos terminais portuários. Mais um “projecto de futuro, a par de outros que se lhe seguirão”, acrescenta.