24 Abril 2024, Quarta-feira
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“As reservas de água na Bacia do Sado atingiram um nível alarmante”

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem hoje agendada uma reunião para discutir medidas de contingência

 

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A chuva que se tem feito sentir nos últimos dias deve ser vista como uma benção. É que os armazenamentos de água, em Setembro último, por bacia hidrográfica no País foram “inferiores às médias de armazenamento em igual período desde 1990/91 a 2018/19”, de acordo com os dados  do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos da APA. E a situação da Bacia do Sado já “é alarmante”, admite André Matoso.

Esta é a segunda bacia do País com menor percentagem (35,8%) de volume de armazenamento actual e também em termos de média (41,3%).

“Das 57 albufeiras monitorizadas, quatro apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 19 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total”, indicam os dados do sistema nacional atrás referido. O director da Administração da Região Hidrográfica do Alentejo aponta o caso da albufeira do Monte da Rocha (com 8,8% de capacidade hídrica) para vincar a situação da Bacia do Sado. Os números são bastante preocupantes, já que das 10 albufeiras desta bacia apenas a do Alvito (75%) e a de Vale do Gaio (41,9%) estão entre as que têm disponibilidades acima dos 40%. As restantes, além do Monte da Rocha, figuram no lote das 19 com menor disponibilidade e apresentam os seguintes valores percentuais: Campilhas (6,7), Monte Gato (11,2), Monte Migueis (13,1), Roxo (19,5), Fonte Serne (25,9), Odivelas (32,6) e Pego do Altar (35,1).

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As chuvas que possam vir aí são, por isso mesmo, de capital importância para responder ao contexto de seca por que se tem passado, realça André Matoso.

Como está a reserva hidrográfica, neste momento, na região do Alentejo?

A região do Alentejo é muito vasta. Varia, mas entrando na Bacia do Sado… é de facto a que é mais preocupante em termos de armazenamento. É francamente baixo a nível nacional de comparação. E em certos pontos, em Albufeira do Monte da Rocha tem perto de 8% de capacidade total de armazenamento disponível. Enfim, as previsões meteorológicas apontam para que haja chuva, estamos no início da época chuvosa e estamos sempre na expectativa que isso possa acontecer.

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Do ponto de vista de águas subterrâneas, a situação não é tão alarmante, embora – como há uma relação directa entre as águas superficiais e subterrâneas porque há infiltração –, não chovendo não há tanta infiltração e os reservatórios subterrâneos, se quisermos falar assim, têm menos água comparativamente com outros anos. Mas mesmo assim ainda estão com uma capacidade que permite a sua gestão sem grandes preocupações.

Mas está a dizer que a situação em termos da reserva da Bacia do Sado é alarmante?

É alarmante. A Agência Portuguesa do Ambiente vai realizar uma reunião depois de amanhã [hoje, 21], em Beja, com os principais utilizadores da água, empresas do sector do ciclo abandonado, da agricultura, do turismo, das áreas dos municípios também e, portanto, isto demonstra a preocupação.

Vai ser preciso racionar ou priorizar para esta necessidade?

Não, não, talvez não seja preciso racionar nada. Mas pelo menos decidirmos, optarmos por regar mais, regar menos, arranjar aqui planos de contingência, por exemplo. Portanto, isto só para demonstrar que estamos em cima da preocupação e em cima do problema, e pronto é com diálogo e contestação como tem havido sempre.

André Matoso

Mas essa reunião é apenas para ouvir ou é já para transmitir algumas medidas desse plano de contingência?

Será sobretudo para ouvir. Esta reunião vem do curso de um processo de cooperação, de articulação, de diálogo que existe sempre e à semelhança de outras reuniões. Pode, enfim, haver decisões tomadas na própria reunião em função de alinhamentos que possam, entretanto, surgir, e tomarmos essas decisões sempre concertadas.

As chuvas estão anunciadas e a esperança é que possam ter significado?

Temos esperança e temos a certeza, porque de facto esta frente húmida que vai atingir Portugal… Às vezes digo: dantes chovia, agora temos o Alex e a Bárbara, é o nome de pressão. Estivemos aqui a ver, e os modelos já são muito fiáveis, e de facto apontam, mesmo no Sul do País e mesmo na Bacia do Sado, chuva acima da média para a época. Portanto, isto só depois de ela correr é que podemos confirmar as previsões, mas sim, quem sabe vamos ter, até ao fim-de-semana, um período de forte precipitação, que é muito bom.

Neste momento qual é o nível médio  das reservas em que estamos na Bacia Hidrográfica do Sado?

De momento não sei dizer, mas basta consultar o Sistema Nacional de Informação.

Quais são as expectativas em termos desse nível com as chuvas de agora?

Garantidamente vai reagir, portanto…

O nível vai subir?

O nível vai subir, não muito. Agora o ideal era manterem-se as condições de precipitação nas próximas semanas, para depois começar a haver escorrência, porque se não é basicamente aquilo que chove em cima das albufeiras e alguma escorrência próxima…

Será importante chover…

É importante chover. E a Comunicação Social tem um papel muito importante em muitos aspectos, mas quando às vezes se ouve sobretudo comunicadores a dizer “bom hoje temos mau tempo, vai chover”… Se calhar, em contexto de seca, [é importante] até chamar a atenção dos ouvintes que não é um mau tempo, é um tempo bom para muitas pessoas e muito necessário.

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