Teatro Estúdio Fontenova recorda período pré-revolução com espectáculo intimista

Teatro Estúdio Fontenova recorda período pré-revolução com espectáculo intimista

Teatro Estúdio Fontenova recorda período pré-revolução com espectáculo intimista

‘Qual Estado da Nação?’ estreia esta sexta-feira e pretende também lembrar os perigos patentes ao ressurgimento do fascismo

O Teatro Estúdio Fontenova prepara-se para estrear a peça “Qual Estado da Nação?”, sobre mendicidade no Estado Novo, com um espectáculo intimista que pretende recordar as memórias do antes do 25 de Abril e lembrar os perigos do fascismo, porque “quando não há memória das coisas é como se elas não tivessem acontecido”.

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Com estreia marcada para esta sexta-feira, 15 de Novembro, no Fórum Luísa Todi, a obra feita a partir do texto original de Luísa Monteiro terá encenação de José Maria Dias, responsável também pelo espaço cénico. A peça tem música original de João M. Mota e voz de Cátia Mazari Oliveira na canção final, sendo que a interpretar estão Graziela Dias, Patrícia Paixão e Sara Túbio Costa.

Em declarações a O SETUBALENSE, o encenador explica que todos os textos são sempre grandes desafios. “O texto em si apresenta uma série de signos e de simbologias que são difíceis de passar logo à primeira leitura, mas o público tem que os perceber no tempo que decorre o espectáculo. É muito provável que nem todos as ideias se consigam passar, mas a intenção é passar todas”, explica José Maria Dias, garantindo que esta tem sido a maior dificuldade.

Outra dificuldade também apontada pelo encenador está relacionada com a interpretação das actrizes, uma vez que “são textos muito complicados e de grande trabalho autoral”.

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Uma das particularidades desta peça, é que se trata de um espectáculo intimista. “Por não termos em Setúbal uma sala preparada para fazer teatro deste género, vamos transportar o espectáculo para cima do palco do Luísa Todi, portanto, o público vai assistir ao espectáculo no palco, juntamente com os actores”, revela José Maria Dias.

Quanto à escolha deste texto, está também relacionada com a celebração dos 50 anos do 25 de Abril. “Tem a ver com as memórias do antes do 25 de Abril, em comparação com as coisas que se passaram nestes 50 anos e com aquelas que concretamente se estão a passar agora”, explica.

O também responsável pelo espaço cénico reflecte que com o ressurgimento da extrema-direita, por exemplo, dos “fascistas que agora estão a surgir novamente e estão a ganhar terreno”, as pessoas não percebem aquilo “que poderá vir a acontecer se a extrema-direita chega ao poder”. Nesse sentido, José Maria Dias realça que esta peça serve no fundo “para lembrar, porque quando não há memória das coisas é como se elas não tivessem acontecido”.

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Peça denuncia “capítulos mais negros” da ditadura

Foi a partir de “histórias de homens, mulheres e crianças agrilhoadas pela condição social, orientação sexual ou pela fragilidade da saúde mental”, que o Teatro Estúdio Fontenova construiu uma peça para “desmistificar o que foi realmente o albergue”, escreve a companhia na apresentação da mesma.

O espectáculo, que põe em cena um círculo vicioso de segredos, denuncia um dos capítulos mais negros e menos conhecidos da ditadura, em que “era prática comum branquear para não se questionar e alimentar uma rotina de felicidade obedecida e calada”.

Oficialmente extinto com o 25 de Abril de 1974, o Albergue da Mendicidade de Lisboa, ou Mitra, foi o depósito de mais de 20 mil adultos e crianças, entre pedintes, sem-abrigo, deficientes, doentes mentais e prostitutas, que, controlados pela PSP, foram escondidos do olhar do público, muitos por vários anos.

Nesta peça, a companhia de teatro revela agora segredos ocultos, a partir de “estórias tímidas, outras sem filtro, ora sussurradas, ora gritadas”. A ideia, adianta a companhia, é abrir “a porta de um anexo de uma casa portuguesa e encontrar o que não se diz, o que não se conta no campo da saúde mental durante a ditadura. Seres para a morte: calculada, antecipada, civilizada?”

Esta peça estará em cena no Fórum Municipal Luísa Todi até 24 de Novembro, com sessões diárias às 21 horas, com excepção do dia 17, em que é apresentada às 17 horas. Terá também uma sessão especial para escolas, no dia 19, às 15 horas, mediante marcação, e uma apresentação com audiodescrição, no dia 24, às 17 horas.

Quanto aos bilhetes, estão à venda no Fórum Luísa Todi e na BOL – Bilheteira Online, tendo o custo de oito euros para o público em geral e de seis para estudantes, desempregados, profissionais do espectáculo e menores de 25 anos ou maiores de 65.

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