Reutilização dos efluentes é uma das orientações da SIMARSUL. Outra, é a produção de energia a partir do biogás
António Ventura, presidente da Comissão Executiva da SIMARSUL, ladeado por Isidoro Heitor e João Luz, administradores, proporcionaram à Comunicação Social uma visita às instalações da ETAR do Seixal, num ambiente de “diálogo aberto”.
O balanço da actividade da empresa de saneamento da Península de Setúbal, os próximos projectos e investimentos, a importância de comportamentos cívicos ambientais e os desafios colocados pela pandemia foram temas que estiveram no centro do diálogo que, desde o princípio, optou pela via da informalidade.
Segundo António Ventura, são três os grandes objectivos da empresa: “Tratamento dos efluentes, reabilitação destes e criação de boas condições de trabalho para o pessoal”.
Nem um trabalhador infectado
A SIMARSUL cuidou, desde cedo, de pôr em prática as medidas sanitárias mais adequadas, o que explica o facto de não haver um só trabalhador atingido pelo Covid-19. Optou pelo trabalho remoto, quando possível, colocou sinalética onde foi preciso e implantou sistemas de higienização pelos mais diversos pontos das instalações. Além disso, criou uma equipa de reserva, caso o vírus batesse forte nos trabalhadores no activo.
As chamadas afluências indevidas é um dos problemas com que se debate a SIMARSUL, no seu quotidiano, segundo palavras de António Ventura. “As pessoas não devem continuar a confundir sanita com caixote do lixo”, disse. “Cabelos, toalhetes, máscaras, luvas, cotonetes, tudo vem parar aqui e entope as condutas, dificultando o funcionamento normal da estação”, salientou. “Mesmo as luvas e máscaras que se deitam para o chão vão parar à sarjeta e daí ao nosso sistema. Ora, a operação de desentupimento não é fácil, pois é executada manualmente por um trabalhador”.
O presidente da empresa lamenta que haja produtos com a indicação de que podem ser atirados para a sanita, desinformação que causa grandes prejuízos ambientais.
Reaproveitamento dos efluentes
Uma outra orientação da SIMARSUL, não menos importante, é o tratamento e reaproveitamento dos efluentes. “Qual é a necessidade de lavar as ruas e passeios, os contentores e camiões com água potável? O Seixal e o Barreiro já utilizam, para o efeito, água tratada. A reutilização é um processo que tem de avançar, já que nos proporciona ganhos ambientais e económicos”, frisa o nosso interlocutor.
Outra aposta da empresa é na produção de energia, ou seja, no melhoramento da eficiência energética. “O tratamento de lamas fornece-nos o biogás, com o qual de produz energia. Com equipamentos mais avançados, alcançaremos uma melhor eficiência energética e ambiental”, esclarece António Ventura.
O presidente da SIMARSUL disse-se preocupado com a situação ambiental da Siderurgia, de onde continuam a voar partículas poluentes, uma queixa extensiva à população de Paio Pires, como é do conhecimento geral.
Responsável pelo saneamento da península
A SIMARSUL É uma sociedade de capitais públicos que tem por accionistas as Águas de Portugal e os municípios do Seixal, Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Sesimbra e Setúbal.
Ocupa-se do sistema multimunicipal de saneamento de águas residuais da Península de Setúbal, tendo por fim a recolha, tratamento e rejeição de efluentes domésticos e urbanos, de forma regular, contínua e eficiente, produzidos por cerca de 605 mil habitantes fixados numa área de 1 555 quilómetros quadrados.
A referida concessão foi-lhe dada pelo Estado Português por 30 anos, de forma a garantir a qualidade, continuidade e eficiência dos serviços públicos de saneamento para proteger a saúde e bem-estar das populações, defender o ambiente e impulsionar o desenvolvimento regional.
Operacionalidade entre 2017 e 2019 atinge patamares elevados
Entre 2017-2019, o processo de tratamento de águas residuais do Sistema da SIMARSUL alcançou os seguintes patamares:
– 74,21 milhões de m3 águas residuais tratadas;
– 52 090 toneladas de lamas valorizadas, equivalente a 100% de valorização;
– 2 900 MWh de energia produzida a partir do biogás;
– 99,84% de taxa de cobertura de serviço, findo o exercício de 2019.
No final de 2019, a SIMARSUL tinha à sua responsabilidade 21 estações de tratamento de águas residuais (ETAR), 100 estações elevatórias (EE), 237,9 km de emissários e 107,8 km de condutas elevatórias no âmbito da operação dos diversos subsistemas do seu sistema multimunicipal, o que assegurou uma taxa de cobertura do serviço de 99,84%.
Por José Augusto