Jogo editado pela Pythagoras, de Leiria, chega a vários países em todo o mundo. Ao jogar “Garum”, os jogadores assumem o papel de mestres das fábricas de produção do molho de peixe que existiam na Península de Troia. O jogo é matemático e transmite conhecimentos
O setubalense Ricardo Gomes é o autor de “Garum”, um novo jogo de tabuleiro editado pela Pythagoras, de Leiria. O jogo, de lógica matemática, situa a acção no período em que os romanos tinham na Península de Troia o maior centro de salga de peixe de todo o império, a partir do qual exportavam o molho em ânforas embarcadas pelo rio Sado. De Portugal, o produto já seguiu para Espanha, Reino Unido, Alemanha, Holanda e Israel.
“Garum” é um jogo de mecânica matemática que testa a destreza, concentração e raciocínio lógico dos jogadores. Pensado para ser jogado entre duas a quatro pessoas, coloca cada uma no papel de um responsável por uma fábrica de produção do molho de peixe. “Cada jogador recebe um tipo de peixe e o objetivo é formar linhas de peixe/trabalhadores no tabuleiro”, explicou David Mendes, fundador da Pythagoras.
A ligação do jogo ao local real das fábricas de produção de garum, em Troia, são as ilustrações dos tabuleiros e as peças que “reproduzem exactamente o formato das cetárias” usadas pelos romanos, sublinhou Ricardo Gomes, criador do jogo. O molho resultava da escorrência de várias camadas de sal, sangue, sardinhas, vísceras de atum, cavala e outros pequenos peixes, crustáceos e moluscos esmagados e deixados em salmoura durante três meses.
As restantes peças de “Garum” são contextualizações, como uma ânfora que circula entre os jogadores; as moedas, que reproduzem as que circulavam à época; e os nomes dos mestres das fábricas que cada jogador assume. “Este já era o tema do meu protótipo. Queria fazer um jogo ligado à minha região, porque fui imensas vezes às ruínas romanas de Troia com o meu avô”, contou Ricardo Gomes a O SETUBALENSE.
O jogo tem dois tabuleiros. O tabuleiro referente a Troia tem 16 áreas e o tabuleiro referente a Baelo Claudia (em Cádiz, Espanha, onde os romanos tiveram o segundo maior centro de produção de garum do mundo) tem 12. “Tudo isso está descrito no manual do jogo”, que contextualiza historicamente a diversão e em várias línguas (inglês, espanhol e alemão e hebraico e holandês, disponíveis online).
O lançamento de “Garum” decorreu no maior evento de jogos de tabuleiro do mundo, na Alemanha, e depois na Comporta, no final do ano passado. Ricardo Gomes desenvolveu também outros dois jogos – “Fado – Duetos e Desgarradas” e “Douro 1872” –, ambos situados em Portugal. “Os jogos têm sempre uma temática sobre a História de Portugal, e mesmo que não tenham quizz, têm sempre uma parte histórica no livro de regras”, acrescentou David Mendes, ex-docente de História e fundador da editora.
A Pytaghoras foi fundada em 2012 e o primeiro produto que lançou no mercado foi “O Quinto Império”, um jogo de tabuleiro educativo recomendado pelo Plano Nacional de Leitura e utilizado pelos professores de História em contexto de sala de aula. Actualmente, a editora tem um portefólio de 13 jogos, muito procurados por famílias e escolas, e que estão à venda no El Corte Inglês e na FNAC.