Comemoram-se hoje os 90 anos do nascimento de José Afonso. Em Setúbal, por todo o distrito e por todo o país, festeja-se a data e a pessoa que, por mais tempo que passe, nunca será esquecida
“A direcção da associação tem uma preocupação que tem crescido nos últimos anos. A obra gravada de José Afonso nunca esteve muito acessível e, talvez desde 2014, os discos mais conhecidos, mais vendidos, mais procurados praticamente desapareceram do mercado”, começa por dizer Helena Carmo, da Associação José Afonso de Setúbal, dando o exemplo de “Cantigas do Maio”, “Venham Mais Cinco”, e “Fados de Coimbra”.
Neste sentido, a AJA promoveu uma petição para declarar a obra de José Afonso de interesse nacional e os resultados dessa mesma petição serão entregues hoje. Foi pedida uma audiência à Ministra da Cultura e hoje será o dia para apresentar as quase 11 mil e 500 assinaturas recolhidas durante cerca de dois meses.
“É também uma grande preocupação nossa que as condições em que a obra é salvaguardada não se deteriorem com o tempo, tendo sempre presente o intuito central de divulgar uma obra que para nós é ímpar e deveria merecer um estatuto de património cultural de relevante interesse nacional, e até mundial”, continua.
Helena Carmo fala ainda sobre o novo livro que terá José Afonso como personagem principal, contando que já está feito e será apresentado em breve. “É um roteiro sobre as vivências do Zeca em Setúbal, e foi preparado pelo professor Albérico Afonso, da Escola Superior de Educação do IPS. “Gostávamos que a apresentação fosse também na sexta-feira, mas não foi possível. Talvez em princípios de Setembro já tenhamos livro apresentado na cidade que Zeca escolheu para viver”, adianta.
Esta noite, no âmbito da programação para homenagear e celebrar Zeca Afonso, Cais da Saudade actua pelas 21h00 no Palco Mourisca da Feira de Sant’Iago, seguido de concerto comemorativo Zeca – 90 Anos, a começar às 22h00.
Distrito celebra José Afonso
Grândola assinala os 90 anos do nascimento de José Afonso com um espectáculo musical que pretende estabelecer um diálogo com o público acerca da vida e obra de Zeca Afonso. O Largo de São Sebastião recebe a partir das 21h30 de hoje “Como se Fora Seu Filho”, que junta em palco Francisco Naia e Banda e os sons do Hip-Hop com XOTO e Westah.
Francisco Naia estará acompanhado de José Carita, na viola clássica, cavaquinho e coros, de Luís Pires, nos teclados, acordeão e coros, de Mário Gramaço, na flauta, saxofone e clarinete, e de Vitor Sarmento, na voz e viola clássica. Por sua vez, XOTO, o artista independente de Setúbal, entrou no movimento Hip-Hop em 2000. Depois de vários álbuns, chegou agora a altura de “Acreditar”, projecto com uma temática mais espiritual, com vontade de tocar fundo na alma e em que XOTO assume a missão de contribuir com a sua parte na “revolução que nos liberta”.
“Como se fora seu filho” é um espectáculo do município de Grândola e da AJA – Associação José Afonso, criado para assinalar a data de nascimento do autor de “Grândola Vila Morena”.
Por sua vez, no Seixal a data é assinalada nos próximos dias 9 e 10 de Agosto. A celebrar os 90 anos do nascimento de José Afonso, a Praça da República recebe na sexta-feira, dia 9, a partir das 21h30, o Grupo Coral Alentejano da Associação dos Serviços Sociais dos Trabalhadores das Autarquias do Seixal, Francisco Fanhais, acompanhado à viola por Rui Pato, Silvestre Fonseca, que tocará José Afonso em viola clássica, Manuel Freire, António Matos e a Tertúlia Coimbrã de Mira Tejo. No dia seguinte, a 10, e no mesmo horário, é a vez de o Grupo Coral Mútua – dos trabalhadores da Mútua dos Pescadores e Ponto Seguro, Mário Barradas, Fernando Fitas, Samuel, Francisco Naia e Vítor Sarmento, com José Carita, Mário Gramaço e Luís Pires, homenagearem o compositor e intérprete.
Para além disso, por todo o país se comemoram os 90 anos sobre o nascimento de José Afonso. Entre iniciativas em Lisboa, em Sendim, no Festival Intercéltico, em Aveiro, onde nasceu, e em Tavira, vários são os concertos, exposições e eventos de homenagem a acontecer por todo o país, neste dia 2 mas também pelo mês e ano fora. Porque nunca é demais recordar, escutar e homenagear José Afonso.
Em suma, Helena Carmo considera que “todos os nossos gestos são no sentido de que haja uma nova percepção da obra do Zeca, a partir das gerações mais jovens”, acrescentando que “isso é tanto mais importante quanto mais nos afastamos do tempo em que ele viveu”.