Situação é ‘uma vergonha’, diz o presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Carlos Oliveira responsabiliza “os políticos, que todos os anos dizem que o rastreio vai arrancar e não arranca”
Na Península de Setúbal, bem como na zona da grande Lisboa, não existe rastreio de cancro da mama. Quem o diz é Carlos Oliveira, presidente do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, instituição que completou 50 anos no último sábado.
O responsável classifica a situação como vergonhosa e aponta o dedo à classe política. “Infelizmente, até hoje, a zona da grande Lisboa e Península de Setúbal não têm rastreio de cancro da mama”, afirmou, considerando a situação como “uma vergonha, porque todos os anos os políticos dizem que o rastreio vai arrancar e não arranca”.
A crítica de Carlos Oliveira surge numa altura em a região Centro regista uma redução “significativa” na mortalidade por cancro da mama, conforme admitiu em declarações à agência Lusa.
“O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro destaca-se numa área em particular que é o rastreio do cancro da mama, que começámos há 27 anos, em 1990, que tem há vários anos cobertura total na zona Centro, e em que foram precisos 25 anos para se encontrar o seu impacto”, frisou o académico. Mais, o especialista adianta que na região Centro há uma “diminuição significativa da mortalidade, que é o grande objectivo do rastreio”, e que “isso já foi provado por estudos realizados e publicados”.
Apesar dos resultados positivos, Carlos Oliveira estimou que, em Portugal, até 2030, o cancro da mama cresça 17%, o da próstata entre 35 a 40% e o do intestino (colorretal) mais de 30% em homens e mulheres.
Para Carlos Oliveira “há que desenvolver efectivamente rastreio em áreas em que são tecnicamente possíveis”.
“No caso do cancro colorretal, é necessário pôr a funcionar o rastreio”, defende, lamentando que, desde há três ou quatro anos, “existam alguns projectos-piloto nalguns centros de saúde da zona Centro e pouco mais”. Salientando que existe uma cobertura “muito fraca” relativamente ao rastreio do cancro colorretal, o presidente do núcleo regional do Centro frisou ainda que, actualmente, as mulheres morrem mais de cancro do intestino do que do cancro da mama e apelou a uma maior atenção e vigilância deste órgão.
DIÁRIO DA REGIÃO com Lusa