Responsável da Tauroleve, Ricardo Levesinho, afirma que festa brava está a tentar sobreviver à crise da pandemia
Em entrevista a O SETUBALENSE, Ricardo Levesinho, director executivo da Tauroleve, empresa promotora de eventos dedicados unicamente ao mundo da tauromaquia, faz um balanço da Feira Taurina de Setembro deste ano, na Moita, e aponta os impactos que a pandemia trouxe ao sector, acreditando que esta área tem futuro, está saudável e tem muita força.
Qual o balanço da Feira Taurina de Setembro deste ano na Moita e que receptividade teve o cartaz apresentado junto dos aficionados moitenses, nas datas em que decorreram as corridas?
Considero que tanto por parte dos aficionados como do público em geral, houve muito interesse nas corridas que apresentámos e o resultado foi uma afluência muito positiva à Praça de Toiros Daniel do Nascimento. Tivemos boas molduras humanas e, por essa razão, estamos muito satisfeitos.
Que impacto é que a pandemia trouxe à TAUROleve e de que forma lidaram com o período de ausência dos eventos nas praças de toiros?
Este período foi muito nefasto porque teve consequências extremamente negativas para os vários agentes, até porque fazíamos um número significativo de espectáculos e isso implicou, em termos de economia – tanto para ganaderos como toureiros e restantes áreas ligadas à tauromaquia –, toda uma redução que o sector registou, pelo que sofremos de forma grave essas implicações e esse impacto negativo. Felizmente as actividades estão a começar a reiniciar, estamos a sentir que as locações estão cada vez mais a reduzir as suas limitações, com uma maior abertura e autorização do número de espectadores presentes nas praças. Conjugado com o interesse dos públicos, temos tido praças cheias sendo esta uma forma de recuperar, aos poucos, e que está a ser visível e já é notória a recuperação gradual do sector. Sentimos que o público tem tido confiança que os espectáculos culturais são seguros e que respeitamos, integralmente, os planos de contingência obrigatórios para defendermos a saúde pública.
Que medidas foram necessárias implementar, nesta altura, para que o mundo tauromáquico continuasse a afirmar-se, tanto a nível local como nacional?
Em primeiro lugar, um respeito integral pelos planos de contingência, com todos os cuidados, de forma a defendermos a saúde pública, com regras de funcionamento, organização e, desde logo, limitações para garantirmos que podíamos ter público presente.
Que apoios defende para este sector?
Estamos a habituados a viver sem subsídios públicos, porque vivemos daquilo que a própria actividade gera e sempre foi assim. Contamos continuar a criar espectáculos atractivos, em que o público continue a acreditar e essa é melhor forma para que a nossa actividade continue sempre com os aficionados a seu lado, mostrando que a tauromaquia tem futuro. A nível governamental, este é o único espectáculo cultural que não tem apoios, mas já estamos habituados a viver assim. É essa a forma como vivemos, é assim que estamos mais salutares e estamos a defender uma cultura, uma identidade cultural. Estamos a tentar sobreviver a esta crise, causada pela questão da pandemia. Estamos a resistir e a criar futuro. É uma prova dada que a tauromaquia tem muita força e está saudável e a lutar com rigidez pelas suas raízes para um futuro mais risonho.
Que outras iniciativas estão previstas para este ano, em termos de feiras ou corridas. Quer destacar alguns eventos?
A temporada está a seguir o seu ritmo normal. Já de seguida vai acontecer a feira de Santarém e mais corridas em outros locais. Como grande destaque teremos a Feira de Vila Franca de Xira, que vai ter lugar entre 30 de Setembro e 9 de Outubro.
Considera que a próxima Feira Taurina da Moita já possa vir a ser melhor?
Sempre, até porque esse é um desafio que deve ser continuamente superado. Queremos sempre mais no ano seguinte daquilo que conseguimos em 2021, de forma a que estejamos sempre saudáveis neste espírito cada vez mais competitivo para nós próprios, com o objectivo final de fazer mais e melhor.