Obra “101 Contos-de-Bolso” recebeu a unanimidade do júri, sendo que nesta edição estiveram a concurso 54 obras
A obra “101 Contos-de-Bolso”, de Maria Teresa Meireles, foi a vencedora da 14.ª edição do Prémio de Conto Manuel da Fonseca, que recebeu a unanimidade do júri, sendo que nesta edição estiveram a concurso 54 obras de autores de língua portuguesa.
A cerimónia de entrega do prémio à vencedora, que assinou sob o pseudónimo “Navarro”, está marcada para este sábado, dia 15, na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém.
A O SETUBALENSE, Maria Teresa Meireles, a residir actualmente em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, confessou-se satisfeita com esta distinção. “Senti que o que escrevo foi reconhecido.
Os prémios/concursos servem muitas vezes para nos validarem e nos permitirem a visibilidade num contexto de edição que é extremamente difícil e adverso para quem começa”, referiu, explicando em seguida como foi construída a obra.
“Este livro (101 Contos-de-Bolso) tem a particularidade de ser constituído por microcontos – nenhum deles excede uma página e, para mim, este foi um exercício curioso de depuração que passou por um outro exercício de envolvimento e sedução do próprio leitor, através dos processos de escrita utilizados”.
Esta não foi a primeira distinção da professora e investigadora, que já havia sido distinguida com outros prémios e menções honrosas.
“Há uns meses, recebi o 1.º Prémio Literário Alves Redol na modalidade «Conto». Receber outro 1.º prémio num espaço de tempo tão curto e, sobretudo, um prémio com o estatuto do Prémio Manuel da Fonseca, é sempre um motivo de satisfação para quem, como eu, há anos que escreve. Sinto-me honrada e satisfeita com estes dois prémios e espero que ambos os livros possam vir a ser editados”.
Quanto ao futuro, Maria Teresa espera que as editoras “arrisquem” mais nas suas obras. “Tenho outros livros, sim – assim haja quem os queira editar porque as editoras cada vez arriscam menos, cada vez têm menos a antiga cultura dos grandes editores, que era acreditarem num escritor e lançarem-no, envolverem-se com os autores de quem gostavam e entenderem essa relação como uma aposta a dois.
Actualmente, os números definem as letras – edita-se apenas o que se pensa que pode vender. Falta quase sempre a visão e a vontade de construir e criar, em conjunto, novos públicos leitores”, conclui.
Os jurados decidiram atribuir o prémio à obra “101 Contos-de-Bolso”, justificando que “no quadro do interesse crescente pelo microconto, em Portugal, a obra vencedora significa um renascimento desta espécie de narrativa, pela concisa explosão de sentidos, entre terna e boa disposição, sinalizando momentos do quotidiano”.
“Temos aqui uma prosa firme, a espaços lírica, sem excessos de linguagem, qual profilaxia em tempos de consumismo também literário”.