Lugar de encontro com o divino, com o sublime e com o interior de cada um, para muitos poetas, escritores e simples mortais, na Arrábida “é fácil estar a sós com Deus”, como disse Sebastião da Gama
O livro ‘A Espiritualidade da Arrábida’, que foi apresentado na sexta-feira, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal completamente cheio, já cumpriu o seu maior objectivo; o de afirmar-se como “uma prova de admiração pela Beleza e Espiritualidade da Arrábida e por todos os que a conseguem preservar na sua imortalidade”.
Esta pretensão, fixada por António Melo, dos Amigos da Paróquia de S. Sebastião, o grupo que promoveu a criação da obra, ficou já assegurada, pela diversidade, nível e sentido dos escritos que a compõem, e pelo reconhecimento público que os muitos presentes conferem ao livro.
Em menos de 100 páginas, são apresentados, em formato A4 num volume de capa dura e papel grosso, textos e fotografias de vários autores, na maioria de agora (ver todos os nomes no texto à parte), mas também mais antigos, dos grandes poetas da Arrábida, nomeadamente Sebastião da Gama e Frei Agostinho da Cruz. A frase que Frei Martinho de Santa Maria proferiu quando chegou à Arrábida – “Se não estou no Céu, estou nos seus arrabaldes” – serviu para destacar a força espiritual da Serra, admirada também por outros escritores, como Agustina Bessa-Luís, conforme recordou João Reis Ribeiro (ver crónica 500 Palavras).
O presidente da Câmara de Setúbal classificou o livro como “magnifico” e destacou a capacidade inspiradora da serra para ajudar os setubalenses a acreditarem no melhor e a vencerem as adversidades.
“Nestas páginas, compreendemos que, afinal, a espiritualidade da Arrábida está em todos nós que, dia após dia, acordamos em frente à majestosa serra, que lá no horizonte poente todos os dias nos dá alento para continuar a admirar a beleza do mundo. Porque, e estou certo do que vos digo, será a beleza do mundo, convertida em paz, em justiça, em solidariedade, que prevalecerá, mesmo que todos sintamos que vivemos tempos estranhos, adversos.”, disse André Martins.
O padre Casimiro Henriques, da Paróquia de São Sebastião, defendeu que a obra nos interpela a “subir à Arrábida para contemplar a beleza porque, como disse Umberto Eco e diz o nosso papa [Francisco] é a beleza que salvará o mundo. Em nome da paróquia, o padre agradeceu a diversas pessoas e entidades que contribuíram para a publicação do livro, quase todas presentes na cerimónia, como os autarcas Fátima Silveirinha, da União de Freguesias de Setúbal, e Luís Matos, da Junta de Freguesia de São Sebastião.
O livro tem prefácio do cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, que confessa que “não estava prevenido para o impacto da beleza do mar e da Serra”, e uma espécie de posfácio de Viriato Soromenho-Marques em que o professor universitário conclui que “o que importa colocar em relevo é o permanente convite da Arrábida para a meditação e a viagem interior”.
Trabalho de 24 colaboradores
O livro, coordenado pelo padre Casimiro Henriques, pároco de S, Sebastião, e por António Melo e Isabel Melo, dos Amigos da Paróquia, apresenta textos também de Alberto Vale Rego, Frei Hermínio Araújo, João Reis Ribeiro, Joaquina Soares, José-António Chocolate, Lourenço de Morais, Maria Helena Fragoso de Mattos, Ruy Ventura, Salvador Peres e Viriato Soromenho-Marques, além de fotografias de Alberto Pereira, Américo Ribeiro, António Alves da Costa, Carlos de Medeiros, Carlos Sargedas, João Completo, João Moura, José Alex Gandum, José Canelas, José Carvalho, Nazar Kruk e Rosa Nunes. A ilustração da capa é de Eduardo Carqueijeiro.