O director artístico explica como nasceu esta 1.ª edição do evento, que vai juntar nomes maiores da música no concelho alentejano
Alcácer do Sal vai ser a capital do jazz durante 10 dias. Entre esta sexta-feira, 6, e o próximo dia 15 vão ser vários os espectáculos que vão dar corpo ao Festival Alcácer Jazz.
Carlos Martins, 60 anos, presidente da Associação Sons da Lusofonia, é o director artístico do festival e explicou a O SETUBALENSE como nasceu o evento, que não descurou a igualdade de género.
“O presidente da Câmara de Alcácer do Sal, Vítor Proença, ligou-me com o convite para a criação de um leque de espectáculos que se integrasse na cultura local. Obviamente que a ideia de um festival de jazz começou a fazer todo o sentido pela capacidade de ligar a riqueza do improviso a um leque mais vasto de áreas culturais”, revela.
Homem do jazz, com prestigiada carreira como saxofonista (tem cerca de uma dezena de discos gravados) e participações em diversos projectos musicais, como o Quinteto Maria João, o também compositor para cinema desvendou uma das condições iniciais.
Logo que a ideia do festival começou a germinar, para Carlos Martins a igualdade de género foi um ponto incontornável.
E a percentagem de mulheres do jazz neste festival tinha de falar por si: “O cartaz teria de ter uma presença feminina de 50%, pelo menos como cantoras, ainda que, depois, estas surgissem com os músicos que desejassem, homens ou mulheres”.
E efectivamente as participações de Maria João e o seu “Ogre Electric”, Beatriz Nunes e o seu Quinteto, e Marta Hugon são, a par do elenco masculino composto por Mário Laginha, o próprio Carlos Martins, e Salvador Sobral, de um nível elevado.
Um nível sobre o qual Carlos Martins tem uma opinião muito pragmática: “Quando pensamos pequeno, tudo é pequeno, quando pensamos global, tudo é maior, tudo tem outra dimensão. E foi o que pensámos para este festival. Qualquer músico presente no Alcácer Jazz poderá estar em qualquer palco do Mundo. Com estes músicos grandes tínhamos de fazer um grande festival, o que, neste caso, é também uma chamada de atenção para o jazz e para a grandeza dos músicos e da música que se faz em Portugal e que no último ano e meio passou as passas do Algarve, sem apoios do Governo”.
Filarmónicas também presentes
Mas o Alcácer Jazz tem um objectivo mais vasto, que aponta para um encontro de várias culturas que se cruzam, apostando na diversidade e fomentando o confronto das diferentes linguagens artísticas. Além do jazz, das filarmónicas, e de Adalberto Alves, um nome incontornável na cultura em geral e de Alcácer do Sal, em particular.
“Adalberto Alves é um homem cultíssimo – a quem foi fácil chegar – e a sua presença nos Encontros de Música e Cultura Mediterrânica e de Jazz Contemporâneo, bem como o encontro da Matemática e Jazz, serão momentos de elevado nível cultural, assim como o será o envolvimento das filarmónicas Calceteira e Pazoa”, realça o director artístico do certame.
Para o também professor de jazz, o evento será sem dúvida um acontecimento cultural que, além da mobilização da comunidade local, face ao cartaz de eventos, atrairá seguramente muito público até Alcácer do Sal.
O cartaz desta 1.ª edição do Festival Alcácer de Jazz apresenta: Mário Laginha Trio (dia 6). Quinteto de Carlos Martins (dia 7), Marta Hugon (dia 8), Quinteto de Beatriz Nunes (dia 12), Maria João (dia 13) Salvador Sobral (dia 14) e o Trio Barradas – Toscano – Pereira e Jazz nas Filarmónicas (dia 15, a encerrar o festival).
Os encontros de Música e Cultura Mediterrânica decorrem no dia 10 e Matemática e o Jazz no dia 11, ambos na Biblioteca Municipal local.