A mostra inclui várias peças como manuscritos, esculturas e pinturas que podem ser vistas pela primeira e única vez
A mostra inédita sobre Frei Agostinho da Cruz reabriu depois de encerrada dois meses devido à situação pandémica do Covid-19. Patente ao público na galeria de exposições temporárias do Museu do Oriente, em Lisboa – Alcântara –, a exposição “Frei Agostinho da Cruz e a Espiritualidade Arrábida” é um momento alto das comemorações do quarto centenário da morte do poeta e frade arrábido, e dos 480 anos do seu nascimento.
Tendo como comissário Ruy Ventura, responsável na Diocese de Setúbal pelas comemorações em honra deste frade Capuchinho a exposição, que pode ser vista a até 29 de Agosto, dá a conhecer manuscritos, livros impressos dos séculos XVI e XVII, bem como peças de arte sacra.
As peças são acompanhadas por versos desta figura, que Ruy Ventura considera como, “tão relevante como Camões e Fernando Pessoa” e o poeta “mais importante da Arrábida”. O acervo que escolheu conta com pinturas e escultura proveniente do Convento, assim como peças da sua biblioteca sobre o Frei, livros provenientes das bibliotecas do Seminário de São Paulo de Almada e da Associação Cultural Sebastião da Gama.
Com cerca de um ano de preparação, a exposição integra também manuscritos com poemas seus que fazem parte do espólio da colecção particular e da Biblioteca Nacional de Portugal, gravuras de uma colecção privada e, ainda, esculturas emprestadas pelo Museu Nacional de Arte Antiga e pela paróquia de São Lourenço de Azeitão. “Algumas das peças nunca foram expostas e outras não eram conhecidas”.
Nascido em 1540, Frei Agostinho da Cruz veio a morrer em Setúbal em 1619 depois de ter passado por uma vida que podia ter sido rica em bens materiais. Conta Ruy Ventura que esta figura marcante da espiritualidade e da escrita, que dizia “nada ser mais importante do que a liberdade”, apesar de não pertencer à nobreza era de tal forma aceite por esta que “podia ter desempenhado um alto cargo na corte”. Mas “optou pela pobreza e ligação a Deus”.
A sua decisão foi por uma vida na mais pobre das ordens, os Capuchinhos. Em 1605 conseguiu permissão para viver como eremita na Serra da Arrábida, mas sempre aberto às pessoas, o poeta da liberdade “teve problemas de aceitação” conta o comissário. A sua morte, “em Setúbal foi assinalado como a morte de um santo”.