“Viagem a Portugal – Paragem Alentejo” estreia sexta-feira, em São Domingos, pelas 19 horas
A companhia Teatro do Vestido estreia, na sexta-feira, em São Domingos, no concelho de Santiago do Cacém, “Viagem a Portugal – Paragem Alentejo”, espectáculo que revisita as memórias locais através de um percurso por cinco localidades.
Em declarações à agência Lusa, Joana Craveiro, responsável pela direcção, texto, e coordenação da investigação que deu origem à produção, revelou tratar-se de “um espectáculo-viagem, em percurso”.
Neste são revisitadas “algumas memórias de uma série de localidades no concelho de Santiago do Cacém”.
No espectáculo, acrescentou, reflecte-se “sobre as vivências das pessoas” e “sobre as suas histórias de vida e memórias políticas, de uma forma poética e a partir de uma pesquisa etnográfica no terreno”.
“Viagem a Portugal – Paragem Alentejo” é apresentado na sexta-feira e no sábado, sempre às 19 horas, com partida em São Domingos e passagens por Abela, Vale de Água, Ermidas-Sado e Alvalade, onde termina, tudo localidades no concelho de Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal.
A produção abre a temporada deste ano da iniciativa “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, promovida pela cooperativa cultural Lavrar o Mar, com sede em Aljezur, no distrito de Faro, nos municípios de Santiago do Cacém e de Odemira, também no distrito de Beja.
Segundo Joana Craveiro, o espectáculo tem vindo a ser concebido ao longo das últimas três semanas, com visitas aos lugares e falando com as pessoas que lá vivem.
“Descobri muitas histórias que não conhecia e outras que já tinha ouvido falar e que precisava de aprofundar”, referiu.
Entre estas, surge a memória da reforma agrária, que “está inscrita nas paredes” e na “toponímia das terras do Alentejo”.
“São memórias conflituantes, que não são consensuais, e nós trazemo-las para cima da mesa e mostramos as tensões que existem nas aldeias em torno dessas memórias”, disse.
A encenadora frisou ainda que “as pessoas descrevem o fim da reforma agrária como o ‘dia do acabamento ou da acabação’”.
“E a nós interessa-nos desenterrar estas memórias e trazê-las ao lume, olhar com esse olhar da pós-memória, questionar e saber o que aconteceu realmente”, pois “ninguém é dono da memória” e “há muitas memórias e muitas verdades”.
Tudo isto faz de “Viagem a Portugal – Paragem Alentejo”, segundo a autora, um espectáculo de “teatro poético, de raiz etnográfica, com histórias de vida e história oral, que tenta trazer a lume várias verdades e várias possibilidades”.
“Não queremos nem aspiramos a estabelecer essa verdade una. O meu interesse é escrever de uma forma poética sobre tudo isto e levar o espectador numa viagem imersiva por toda esta poesia, que acredito que existe até na contradição”, sublinhou.
Depois de Santiago do Cacém, o Teatro do Vestido irá apresentar o espectáculo no concelho de Odemira, nos dias 12 e 13 de Março, mas este será “completamente diferente”.
“Já temos um percurso minimamente delineado, mas só o trabalho no terreno” é que irá definir o mesmo, ainda que o “ponto de partida” seja idêntico, ou seja, “a ideia de percurso”, concluiu Joana Craveiro.
CYMP