Autarcas direccionam aposta política e investimento municipal para a atracção de empresas e projectos geradores de emprego
O mega-investimento de 1,5 mil milhões que pode fazer de Sines o centro da produção nacional de hidrogénio ou o reforço da captação de financiamento comunitário para Alcácer do Sal têm um denominador comum: o esforço que os municípios estão a fazer para gerar dinâmicas de atractividade e desenvolvimento económico.
Deixamos aqui alguns dos muitos exemplos dessa construção do futuro que está em curso um pouco por todo o território dos 13 concelhos do distrito.
Sines vai ser âncora nacional na produção de hidrogénio verde
O futuro de Portugal no processo de descarbonização tem Sines como porta de entrada. É para este concelho do litoral alentejano que está previsto arrancar, já em 2021, a instalação de uma unidade industrial para produção de hidrogénio verde, num investimento base estimado em mais de 1,5 mil milhões de euros.
De acordo com a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), já publicada em Diário da República, este será o “projecto âncora de grandes dimensões à escala industrial de produção de hidrogénio verde, focado em alavancar a energia solar mas também eólica enquanto factores de competitividade”. O Governo espera que este investimento possa “posicionar Sines, e Portugal, como um importante ‘hub’ de hidrogénio verde”. E o objectivo é chegar a 2030 com a futura unidade industrial de Sines a apresentar uma capacidade total em electrolisadores de, pelo menos, um gigawatt (GW).
De resto, o investimento em Sines é tido como um dos de maior peso a integrar a candidatura do Governo ao Projecto Importante de Interesse Europeu Comum (IPCEI), para captação de fortes apoios comunitários. Em termos de exportações, o hidrogénio a produzir em Sines já tem na Holanda um destino definido, com rota delineada pelo porto de Roterdão, depois de ter sido rubricado entre os dois países um memorando de entendimento.
Alcácer do Sal mais atractiva com incentivos do Portugal 2020
O município de Alcácer do Sal aproveitou a oportunidade de executar um novo conjunto de obras na cidade, através do reforço de financiamento, de 629 mil, ao abrigo do Portugal 2020. O montante tem em vista tornar o concelho mais atractivo não só para os alcacerenses, mas também no sentido de reforçar a dinâmica económica e de empregabilidade.
Da mesma forma, entre as “operações de regeneração urbana” planeadas e o aprofundamento “de investimentos já concretizados”, encontra-se também o Plano de Mobilidade do Torrão, que vai “avançar para uma segunda fase”, num investimento de quase 89 mil, referiu a autarquia em nota de Imprensa.
As localidades de Arêz e Vale de Guizo “vão beneficiar da construção de um espaço comunitário, que inclui uma zona de jogo e uma de observação”. “De um investimento municipal de 250 mil euros, a Câmara angariou uma comparticipação no valor de 212 mil” para a requalificação de um espaço que pretende “dinamizar” as duas povoações.
Grândola estimula economia com Orçamento Municipal
Um dos principais objectivos da Câmara de Grândola, com o Orçamento Municipal de 31 milhões de euros para o próximo ano, é estimular a economia local e criar emprego no concelho através da concretização de diversas medidas e investimentos.
Entre as intervenções a realizar encontra-se a continuação da expansão da Zona Industrial Ligeira de Grândola e a finalização dos seus acessos, por se tratar de “uma das mais atractivas da região”, explicou a autarquia em comunicado. O município pretende ainda reforçar “o apoio à área agrícola e florestal” e apostar “no turismo sustentável”.
No que diz respeito ao aumento “da atractividade do território” e combate “à sazonalidade”, está igualmente contemplada a implementação de “um projecto de Turismo de Natureza”, com “a entrada em funcionamento do Museu Polinucleado e com a abertura dos Núcleos de São Pedro, Olaria de Melides, Liberdade e Etnografia”. O apoio à restauração e ao comércio local também será reforçado.
Sesimbra aposta forte no Cabo Espichel
Com o sector turístico como prioridade, Sesimbra espera reforçar a aposta na oferta através da requalificação do Cabo Espichel, cujo investimento previsto ascende a cerca de oito milhões de euros. O lançamento de um concurso para concessão do edificado, tendo em vista a criação de uma unidade hoteleira no local – a ala norte foi adquirida pelo município e a ala sul continua a pertencer à Igreja – é feito pela tutela, em nome da Câmara Municipal. O objectivo é que surja pelo menos um promotor interessado e a concessão foi pensada para um período de 50 anos.
Francisco Jesus, presidente da autarquia tem defendido o projecto – que permitirá combater a sazonalidade – como uma “grande âncora não só para Sesimbra como também para a Península de Setúbal”.
O processo de reabilitação não estará pronto antes das autárquicas de 2021. Há um ano, em entrevista a O SETUBALENSE, o autarca lembrava que “Espichel-Lagoa de Albufeira, com o conjunto de operações então a decorrer em termos de empreendimentos turísticos ligados ao conceito ecológico, será um grande eixo de emancipação do próprio concelho”.
Com Maria Carolina Coelho