O PCP não aceita sistema de saúde tendenciosamente gratuito. Seixal exige centros de saúde em Foros de Amora e Aldeia de Paio Pires
Algumas dezenas de militantes e simpatizantes do Partido Comunista Português do Seixal e Almada concentraram-se, em Almada, na tarde do passado dia 18 Fevereiro, pela defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Um dia que os comunistas destinaram a dezenas de iniciativas em todo o País, visando chamar a atenção para a gravidade dos problemas que afectam os serviços de saúde e a necessidade de se tomarem medidas urgentes e eficazes para os ultrapassar.
Protesto ao vento e chuva
Fazendo ‘boa cara’ à chuva e vento, que começaram no momento em que iniciava a sua intervenção, Armindo Miranda, do Comité Central do PCP, apontou o SNS universal e gratuito como uma das “maiores conquistas do 25 de Abril”. “Lamentavelmente”, prosseguiu o dirigente comunista, o “Partido Socialista e o Partido Social Democrata não demoraram a substituir o gratuito por tendenciosamente gratuito”, o que veio alterar muita coisa. “Hoje, sabemos que Portugal é dos países da União Europeia em que mais se paga pela assistência médica e medicamentosa”, sublinhou.
“Há quem advogue, não nós, que os portugueses com mais rendimentos devem pagar mais pela saúde. Nós achamos que esses têm é de pagar impostos justos correspondentes ao seu verdadeiro património”.
Armindo Miranda justificou a posição do PCP afirmando que os portugueses já pagam muitos impostos indirectos, tendo dado como exemplo o IVA.
Não é uma dádiva
“A gratuitidade da assistência médica não é uma dádiva, mas um direito dos portugueses”, reiterou. Aliás, o “PCP avançou, nos últimos tempos, com 55 propostas para que a lei se encaminhe nesse sentido”, mas todas essas “iniciativas legislativas foram recusadas pelo PS e pelo PSD”, o que regozijou as ordens e a medicina privada, “que arrecada milhões e milhões de euros com a desgraça dos portugueses”. E acrescentou: “É o que faz a ganância!”
Armindo Miranda recordou que o PCP propôs, já lá vão trinta anos, a criação de um Laboratório Nacional do Medicamento, desiderato que está longe de se concretizar.
“Vem agora Guterres dizer-nos que o progresso científico deve ser posto ao serviço da Humanidade. Concordamos com ele, embora saibamos que as palavras de secretário-geral da ONU não passam de pura retórica”. E na mesma linha de pensamento acrescentou que “nunca se produziu tanto como hoje. Se os resultados do trabalho fossem distribuídos justamente, os povos viveriam actualmente melhor do que nunca. É preciso que o progresso seja posto ao serviço dos povos e não do grande capital”.
Seixal a alerta
José Lourenço, presidente da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal, após a concentração, lembrava que “o Governo anunciou que 1 383 milhões de euros da chamada ‘bazuca europeia’ se destinam ao SNS, nomeadamente, ao reforço dos cuidados de saúde primários, continuados e paliativos e ao futuro Hospital do Seixal, entre outros”, comentou a O SETUBALENSE.
“É desejo da população do Seixal que este plano contemple a construção das unidades de Foros de Amora e Aldeia de Paio Pires, bem como o reforço das camas de cuidados continuados, a criação de camas para cuidados paliativos [inexistentes num concelho com 170 mil habitantes] e que o Hospital Garcia de Orta veja, finalmente, concretizada a modernização dos seus equipamentos e serviços e reforçados os recursos humanos, há muito em estado de ruptura”, frisou José Lourenço
“O concelho do Seixal tem estruturas, instaladas pelas autarquias, para vacinar contra a Covid-19 cerca de 5 mil utentes por semana, podendo quase duplicar esse número, se necessário”.
E a rematar: “Esperemos que o ritmo a que estão a chegar as vacinas seja regularizado, em breve, para que a população seja imunizada o mais rapidamente possível e possamos todos sair deste pesadelo sanitário.”