Associações e município elogiaram a actuação do concelho e do distrito sobre prática que é considerada um problema em África
A Casa da Baía foi o local escolhido para acolher a conferência “Tolerância Zero às Violências”, numa palestra repartida em vários painéis onde discursaram activistas e membros de grupos e associações ligadas aos direitos das mulheres e ao que são os cuidados médicos e hospitalares nestes casos.
O assunto é um dos grandes problemas sociais identificados em África e no Médio Oriente, mas não só nestas regiões acontecem estas práticas tradicionais nefastas.
Nesta conferência, promovida pelo Centro Hospitalar de Setúbal e pela delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa, a Câmara Municipal fez-se representar por Conceição Loureiro, chefe da Divisão dos Direitos Sociais e Saúde, no lugar de Pedro Pina, vereador com esse pelouro.
Conceição Loureiro referiu que “só unidas, é que a saúde, a área social e a educação conseguem combater o flagelo”. Natividade Coelho, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, salientou o trabalho desenvolvido em diversos sectores de actividade em Setúbal.
“É um orgulho dizer que Setúbal, distrito e concelho, sempre esteve activamente no combate à mutilação genital feminina, qualificando e capacitando profissionais, da saúde à educação à justiça, esclarecendo e informando crianças e jovens e ajudando a formar opinião com as comunidades locais, líderes e decisores, mobilizando o ensino superior, a saúde pública, as escolas, e assumindo sempre a protecção dos direitos das mulheres e meninas na sua dignidade e integridade”.
Estiveram ainda representados na iniciativa movimentos e associações feministas e dos direitos familiares. Sónia Duarte Lopes esteve presente em nome da Associação para o Planeamento Familiar, e acabou por falar na necessidade de o tema poder ser visto com outros olhos. “A sociedade deve mudar mentalidades e não generalizar o fenómeno ao tema religioso e apenas a certos continentes”.
A activista guineense pela União de Mulheres Alternativa e Resposta, Janica Ndela, fez questão de reforçar as palavras de Sónia Duarte Lopes. “A mutilação genital feminina é um problema social global. Devemos tentar não associar a prática a uma comunidade, a um continente ou a uma religião, até porque se sabe que existe em todo o mundo, devido aos fluxos migratórios”.
A mutilação genital feminina é uma prática considerada crime ao abrigo da Convenção do Conselho da Europa, mais conhecido como Conselho de Istambul.