O Estuário do Sado é uma das poucas pradarias marinhas no mundo cujo habitat está preservado. A bióloga Raquel Gaspar ganhou uma bolsa para desenvolver um projecto para ‘obrigar’ a comunidade a olhar melhor pelo Sado
A bióloga marinha Raquel Gaspar, que tem aplicado boa parte dos seus conhecimentos em defesa do Sado e que, recentemente, recebeu uma bolsa da National Geographic para o projecto “Guardiãs do Mar: Pescadoras Líderes para a Conservação do Oceano”, é uma das oradoras do National Geographic Summit Junior 2019, que se realiza a 29 de Abril, onde irá expor o tema ‘Secret Heros Under the Sea: Seagrass Meadows’.
A bióloga, que vive em Setúbal e está ligada à empresa Ocean Alive, acabou de ser notícia na National Geographic onde se destaca que o “Guardiãs do Mar: Pescadoras Líderes para a Conservação do Oceano” vai “financiar a missão da bióloga marinha durante um ano”. Este projecto pretende dar “resposta a um problema de sustentabilidade ambiental – a degradação das pradarias marinhas, no estuário do Sado”, refere este título de forte relação com a natureza e preocupação ambiental.
Descrevendo este projecto, a National Geographic diz que o mesmo vai “capacitar a comunidade piscatória feminina para recolher dados sobre este habitat e inspirar mudanças de comportamento, materializando-se na criação de um mapa da distribuição das pradarias e na implementação de um piloto para a mitigação do impacto das amarrações das embarcações na sua degradação. Por forma a consolidar os resultados do projeto, serão criados um plano de monitorização e um grupo de conservação”.
A pradarias marinhas estão em declínio em todo o mundo
Quanto à equipa de investigação, é constituída por membros do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e conta com a parceria da Reserva Natural do Estuário do Sado.
Em declarações ao este título, Raquel Gaspar afirma que “o maior desafio deste projeto é comprometer as autoridades na implementação de acções de gestão local e de políticas que salvaguardam as pradarias marinhas”. Ao mesmo tempo, considera que ao construir “uma história em que as comunidades estão envolvidas, as entidades também vão querer ser actores”.
Em Portugal, tal como está a acontecer por todo o planeta, as pradarias marinhas estão em declínio, sendo o Estuário do Sado “uma das poucas zonas onde este habitat ainda existe”. A sua conservação terá um impacto “determinante na abundância e biodiversidade da vida marinha do estuário, evitando o declínio das populações de golfinhos e cavalos marinhos”.
No site da publicação, cita a bióloga onde diz que a bolsa vai permitir criar “conhecimento científico base para desafiarmos o problema da degradação das pradarias marinhas pela via da sensibilização do público em geral”.
Através da identificação das manchas do habitat no estuário do Sado, planeia “criar um programa de popularização das pradarias” onde “cada mancha passará a ser identificada por um nome, da mesma forma que desde há 20 anos a comunidade local participa na atribuição do nome dos golfinhos do Sado”.