O presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém voltou a alertar o Governo para a necessidade de mais efetivos no destacamento territorial de Santiago do Cacém da Guarda Nacional Republicana (GNR).
“Foram já vários os esforços que a Câmara desenvolveu junto da tutela. Infelizmente esta não é uma questão nova, nos postos da GNR de Alvalade e de Ermidas-Sado há poucos guardas e houve tentativas de passar os postos para um horário das 09:00 às 17:00 e a funcionar apenas nos dias úteis, o que foi sempre contestado pelas autarquias e população”, explicou Álvaro Beijinha à agência Lusa.
A autarquia luta, desde 2014, pela manutenção destes dois postos da GNR e contesta a falta de militares para garantir o patrulhamento no concelho de Santiago do Cacém, no litoral alentejano.
Na última reunião com o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, em março deste ano, o governante “justificou que o número de militares afetos ao destacamento de Santiago do Cacém da GNR cumpria os rácios definidos, para além de que o nível de criminalidade no concelho é registado como baixo”.
Para Álvaro Beijinha, “o reforço dos efetivos” não pode depender de dados estatísticos que apontam para um número reduzido de queixas.
“Essa é uma falsa questão porque as pessoas do interior do concelho, muitas vezes, não apresentam queixa porque o processo é todo ele muito complicado, desde a presença da patrulha no local, para tomar conta da ocorrência, às deslocações que têm de fazer para dar andamento ao processo”, explicou.
O autarca deu como exemplo acontecimentos recentes, na freguesia de Alvalade, no interior do concelho, para ilustrar a falta de reforços da GNR que garantam a segurança das populações.
“Tive conhecimento da existência de roubos, brigas e até foram disparados tiros durante a noite naquela freguesia. A tudo isto, acresce o pequeno tráfico de droga, que circula com alguma descontração, diante de qualquer pessoa e longe da fiscalização da GNR local”, denunciou.
Apesar desta situação, “não houve qualquer queixa” junto das autoridades, segundo relato do comandante do destacamento de Santiago do Cacém da GNR, indicou o autarca.
O problema agrava-se ainda mais porque, “quando acontece algum incidente nas freguesias mais periféricas do concelho, é necessária a deslocação de uma patrulha de Santiago do Cacém ou até do concelho vizinho de Sines, o que pressupõe que, pelo menos, decorram entre 40 minutos e uma hora, desde o pedido de socorro até à chegada da ajuda ao local”, sublinhou.
O autarca voltou a enviar uma missiva ao secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna “a pedir que seja dada uma resposta, até porque teve conhecimento que vai abrir um curso de admissão de novos guardas”.
O concelho de Santiago do Cacém “é um dos maiores em área do país, com a terceira maior população do Alentejo e com uma grande dispersão entre as freguesias”, frisou.
“Há que olhar para a nossa realidade e, de uma vez por todas, fazer este reforço de efetivos porque a ausência de militares de patrulhamento nas freguesias mais distantes da sede de concelho aumenta os níveis de insegurança sentido pela população e o sentimento de impunidade para com os criminosos, que atuam até com um certo ‘à-vontade’”, concluiu.
Lusa