Dupla vacinação nas farmácias começou na sexta-feira para utentes com 60 ou mais anos e, por agora, tudo corre bem
A co-vacinação contra a covid-19 e gripe sazonal começou a ser administrada nas farmácias comunitárias a pessoas com 60 ou mais anos na passada sexta-feira, 29 de Setembro, e no concelho de Setúbal os primeiros dados indicam que a adesão dos utentes nesta faixa etária está acima do esperado.
Nas farmácias da cidade contactadas por O SETUBALENSE, a meio da tarde de sexta-feira, o número de imunizações rondava, em cada uma, entre 20 a 40 pessoas, sendo que a maior parte optou por receber as duas vacinas, contra a covid-19 e gripe sazonal.
Este é o primeiro ano em que a campanha de vacinação contra a covid-19 para estes utentes está apenas a cargo das farmácias comunitárias, e a única questão que tem sido apontada pelos directores técnicos é a dificuldade em conseguir articular o número de agendamentos com o de doses até agora recebidas.
“Vamos receber vacinas de semana-a-semana. Temos muitas vacinações já agendadas e não há stock para todas. Isto acontece com todas as farmácias do País”, diz a directora técnica da Farmácia Monte Belo, Graciete Silva. Farmácia que no primeiro dia da campanha vacinou 44 utentes, sendo a maioria foi com as duas vacinas e, na manhã de sábado, foram 12 pessoas. “Algumas preferem fazer um intervalo entre as duas imunizações”, refere.
A questão do atraso na entrega de vacinas às farmácias é que apesar ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assegurar que Portugal comprou o número de vacinas necessária para vacinar todos os portugueses que têm indicação médica, as empresas, fora do País, que fornecem estas vacinas adaptadas às novas estirpes não o estão a fazer ao ritmo esperado.
“Houve um atraso em relação ao planeado quanto às quantidades iniciais de vacinas a receber; mas não é grave, dentro de dias estará resolvido”, considera Miguel Louro, director técnico da Farmácia Louro que, na tarde de sexta-feira, já tinha vacinado 24 pessoas, embora quatro delas tivessem optado apenas por uma vacina.
“Esperava uma resistência menor a receberem as duas vacinas, mas isso é um hábito, há pessoas que nunca apanharam a da gripe”, acrescenta Miguel Louro. Mesmo assim confirma: “Está a correr muito bem”.
O planeamento tem sido a chave para as farmácias gerirem o número de vacinas com o de pessoas já agendadas, reduzindo não só o tempo de espera, mas também reduzindo o número de doses desperdiçadas. Em geral, a regra tem sido fazer agendamentos de 15 em 15 minutos e contar que cada ampola da vacina contra a covid-19 tem seis doses.
Uma das que está a fazer esta programação é a Farmácia Costa, na baixa da cidade de Setúbal. “Estamos a fazer agendamentos de 15 em 15 minutos, e com isso conseguimos não ter filas de espera”. Ao mesmo tempo, “contamos o número de doses para não termos desperdícios”. Também aqui as pessoas têm aderido maioritariamente à co-vacinação. “Das 35 inoculações que já fizemos – na sexta-feira a seguir ao almoço – 30 delas foi com as duas vacinas”, diz o director técnico António Sousa Sias.
Entretanto, reforça que a co-vacinação é administrada apenas nas farmácias comunitárias, e sempre gratuita, para pessoas com 60 ou mais anos. As outras pessoas com idade abaixo deste escalão, mas com problemas de saúde que recomendam a vacinação, terão de o fazer nos centros de saúde.
“A vacinação ocorrerá em paralelo, por critério de idade, nas farmácias comunitárias, e por critério de patologias de risco, com menos de 60 anos, nas unidades do Serviço Nacional e Saúde”, refere a norma sobre a covid-19 assinada pelo subdiretor-geral da Saúde em substituição, André Peralta Santos.
Entretanto, Andrea Ammon, directora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), a 21 de Setembro, alertava que “é importante que os grupos prioritários sejam vacinados contra a covid-19 e a gripe, em linha com as recomendações nacionais, e devem ser consideradas campanhas combinadas de vacinação no Outono. O foco deve ser na vacinação de pessoas que correm maior risco de contrair doenças graves causadas pela gripe e pela covid-19, incluindo indivíduos mais velhos, pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos e doenças subjacentes, independentemente da idade, bem como aquelas que estão grávidas”.
Estima o ECDC que “uma elevada taxa de adesão à vacina da covid-19 das pessoas com mais de 60 anos pode prevenir entre 21% e 32% de hospitalizações”.
Quase todas aderem à campanha +60
Embora esteja a ser recomendado pelos serviços centrais de saúde que as pessoas com 60 ou mais anos façam o agendamento para a vacinação através do site Farmácias Portuguesas, recebendo posteriormente um SMS com a farmácia e a hora onde se devem dirigir, a indicação de algumas farmácias é que este não será o melhor método.
“Tem existido algum problema com agendamento online. É preferível que as pessoas o façam directamente na farmácia”, diz Miguel Louro, director técnico da farmácia Louro.
Ao mesmo tempo, a lista disponibilizada pelo site Farmácias Portuguesas sobre as farmácias que fazem a dupla vacinação no concelho de Setúbal, não bate certo com aquilo que O SETUBALENSE apurou, a indicação é que praticamente todas aderiram à campanha de vacinação. De fora, terão ficado, até agora, apenas duas, sendo uma delas a Farmácia Marques, por uma questão de reorganização de espaço.
No site, e até ao início da tarde de ontem, domingo, as farmácias indicadas com co-vacinação eram as farmácias das Pontes, Louro, Monte Belo, Santiago e Viso. Ou seja, apenas cinco das 24 que existem na cidade (30 em todo o concelho contando com Azeitão), inclusivamente, a farmácia Costa com contactada por O SETUBALENSE não está nesta lista.
Com as farmácias a terem de se candidatar para esta campanha de vacinação até 23 de Setembro, uma das hipóteses é não ter havido tempo suficiente para essa actualização, no site. É o que supõe António Sousa Sias, da Farmácia Costa. Mas sua convicção é que “praticamente todas estão a fazer a vacinação com as duas doses”.
