Cantora brasileira apresentou “Errante”, o seu recente álbum de originais, perante uma sala esgotada
De uma elegância musical e poética, acompanhada por uma discreta e clássica serenidade e suportada por uma banda de talentos inquestionáveis. Poderia ser este o resumo da apresentação ao vivo de Adriana Calcanhotto na noite de segunda-feira no Fórum Municipal Luísa Todi.
Contudo, foi tudo isso, mas interrompido – no bom sentido – pela irreverência e pelo talento gigante de Salvador Sobral. Voltando a Adriana Calcanhotto, a cantora brasileira apresentou na segunda-feira, perante uma sala esgotada, “Errante”, o seu mais recente álbum de originais – o 13.º –, intercalado com temas clássicos da sua carreira.
Foi um desfile de poemas e de músicas de um nível consentâneo com a imagem e a carreira da cantora, numa noite inserida na terceira edição do Projecto Língua Terra. Adriana Calcanhotto esteve acompanhada por seis músicos, aos quais deu espaço para brilharem, quer individualmente, quer enquanto grupo.
Depois de um elogio enorme a dois nomes grandes da música em Portugal, Mísia e Salvador Sobral, foi o músico a “mexer” com a serenidade e a calma da noite, agitando as águas num universo de jazz, que domina como poucos.
Os duetos com Adriana Calcanhotto foram momentos altos da noite, com “Anda estragar-me os planos” a atingir um momento de grande agitação musical.
A evidente cumplicidade e admiração mútua, entre Adriana Calcanhotto e Salvador Sobral, estaria mais uma vez presente no final do concerto, quando o músico português foi convidado para um novo dueto, imprimindo uma nova agitação com a sua postura também musicalmente irreverente, como se deseja num universo do jazz.
Foi uma grande noite, suportada por uma língua que une mundos e junta talentos vários.
