18 Abril 2024, Quinta-feira
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Palestra sobre alterações climáticas prevê mudanças no Estuário do Sado

Encontro impulsionou a divulgação de estudos de várias identidades, que alertam para algumas mudanças que devem ocorrer até 2100

 

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Uma palestra sobre o efeito das alterações climáticas no Estuário do Sado ocupou a manhã deste sábado dos presentes no auditório da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, onde foi lançado um alerta junto do poder local, instituições e população sobre o que irá mudar nesta reserva natural durante os próximos anos.

Realizada pela autarquia, em conjunto com a Junta do Sado, esta palestra, baseada em dados científicos, veio, segundo o presidente da Junta de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, Luís Custódio, demonstrar informação para que se possa “acautelar futuros estragos” e apresentar “soluções que minimizem” os efeitos das alterações climáticas.

Já Abílio Ferreira, mentor e moderador da iniciativa, disse que este evento surgiu pela “extrema necessidade” em discutir o tema do clima no Rio Sado. “Mudanças climáticas sempre existiram, normalmente acompanhadas por catástrofes naturais.

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No entanto, a que presenciamos hoje é lenta, porém implacável”, acrescentou. Em seguida, passou a palavra a João Dias, professor da Universidade de Aveiro e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar.

Com base num modelo “mais pessimista”, João Dias referiu que se espera “uma subida máxima do nível do mar de 79 centímetros de altura”, factor que irá fazer com que as correntes marítimas “fiquem mais rápidas” e que “aumente a inundação marginal”.

Segundo o professor universitário, os territórios com plantas tipográficas mais baixas irão ser inundados “com mais frequência ou até de modo permanente”, o que irá levar à perda de território e ao deslocamento de pessoas.

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Para a realização dos estudos foi analisado o nível do mar, caudais fluviais, salinidade, temperatura da água, níveis de clorofila-a e oxigénio dissolvido, PH da água, humidade relativa, temperatura do ar, balanço radioactivo e intensidade e direcção do vento.

Apesar de a inundação das áreas marginais do Estuário do Sado ser uma possibilidade bastante forte, os estudos vieram revelar que o panorama não é tão negativo quando comparado ao cenário que foi apresentado pela NASA, onde a água iria ocupar de uma forma mais vasta o território adjacente ao Rio Sado.

Durantes as apresentações, sucedidas pelas intervenções de Ramiro Neves, representante do Marine, Environment and Technology Center de Lisboa, que explicou a corrente de circulação hidrográfica do rio, bem como a sua mudança geográfica com o passar do tempo, e de João Bordado, professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que realçou perspectivas de financiamento sustentável no âmbito do Portugal 2030, foi revelado que quase cinco mil pessoas estarão em risco de ter a casa inundada em 2100.

No campo das previsões ainda foi referido que cerca de 43 quilómetros quadrados (km2) de área de cultivo vão estar inundados, bem como 9,9 km2 de floresta, 6,7 km2 de território artificializado e 1,7 km2 de pasto.

No mesmo tópico foi salientada a expansão das pradarias marítimas, que, segundo João Dias, apesar de “serem boas a médio-longo prazo”, futuramente irão continuar a aumentar, o que irá transformar algumas zonas do estuário em pantanais.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro, marcou presença no evento e explicou a O SETUBALENSE que estas palestras “contribuem para os planos da gestão do território” e que ajudam o poder local a “perceber o que se deve fazer”, nomeadamente no que diz respeito ao Estuário do Sado.

O evento contou com a participação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e com a presença de várias figuras ligadas ao Sado, como empresas, associações e o Instituto Politécnico de Setúbal. Enquanto isso, Marlene Caetano, presidente da Junta de Freguesia do Sado, encerrou a sessão, deixando a sugestão para que de futuro se volte a repetir o momento.

“É extremamente importante compatibilizar os usos com o desenvolvimento sustentável. Penso que todos temos de contribuir com o nosso conhecimento e com a nossa actividade profissional para que assim seja”, finalizou.

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