28 Março 2023, Terça-feira
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Netos de Aristides de Sousa Mendes inauguram “Jardim dos Justos” e recordam “actos heróicos” do avô

Francisco e António de Sousa Mendes estiveram na cidade sadina no âmbito das comemorações do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto

 

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Os “actos heróicos” realizados por Aristides de Sousa Mendes durante a Segunda Guerra Mundial foram recordados por dois dos seus netos na passada sexta-feira na Secundária D. João II, escola na qual inauguraram, no âmbito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o “Jardim dos Justos”, criado em homenagem “aos quatro homens que salvaram muitas vidas de irem para os campos de concentração”.

“O que nos trouxe aqui hoje foi homenagear o nosso avô. É importante que a juventude se aperceba da necessidade de reconhecer estes actos heróicos que o meu avô fez, salvando milhares de pessoas dos campos de concentração”, frisou Francisco de Sousa Mendes, antes de descerrada a placa que atribui o nome de Aristides de Sousa Mendes a uma das árvores plantadas no espaço verde criado na Escola Secundária D. João II.

Segundo recordou o neto daquele que ficou conhecido como o “Justo entre as Nações”, o diplomata português salvou 30 mil vidas “por uma questão de humanidade e mais nada”. “Fez, sabendo que o que lhe esperava não era nada de bom, porque foi destituído da carreira e foi punido por Salazar. Arriscou tudo quando tinha muito a perder. Tinha 14 filhos e mesmo assim arriscou, salvando milhares de vidas”, frisou.

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Perante o olhar atento de dezenas de alunos, Francisco de Sousa Mendes relembrou que o avô “acabou na miséria e assim morreu em 1954”. “É importante que tenhamos presente estes exemplos porque é através deles que podemos ser pessoas melhores. Não devemos ser individualistas. Este é um exemplo para toda a humanidade. Espero que os jovens sintam isso e que o pratiquem”, acrescentou.

Já o seu primo, António de Sousa Mendes, disse tratar-se de “uma ocasião de grande beleza”. “Foi quase há 80 anos que o campo de Auschwitz foi aberto. Estes homens desempenharam bem o papel de salvadores contra os nazis. A única coisa que devemos fazer sempre é procurar fazer o bem e salvar o outro”, afirmou.

O “Jardim dos Justos”, realizado em 2018-2019 dentro do Orçamento Participativo de Escola, é composto por “quatro árvores, que representam Aristides de Sousa Mendes, Joaquim Carreira, José Brito Mendes e Carlos Sampaio Garrido, homens que durante a Segunda Guerra Mundial salvaram muitas vidas”, explicou Joseph Rodrigues, coordenador do Projecto Cultural de Escola, criado no âmbito do Plano Nacional das Artes.

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“Há 80 anos, Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em França, conseguiu vistos que possibilitaram a milhares de mulheres, homens e crianças a fuga para Portugal e daí para um destino de liberdade”, reforçou o professor.

Além da inauguração do novo espaço verde, criado com “o apoio da Câmara de Setúbal, da Junta de São Sebastião, da Associação 50 CUTS, da empresa de mármores das Pontes e da Arbovita”, o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, comemorado com o objectivo de “chamar a atenção para este marco na história da humanidade”, foi ainda assinalado com outras actividades culturais.

“Tivemos uma oficina de escrita criativa sobre o holocausto, a transmissão de um filme e foi inaugurada uma instalação artística na entrada exterior da escola, criada pela professora Ana Silva e seus alunos”, destacou Joseph Rodrigues.

“Este dia é comemorado no âmbito do Projecto Cultural de Escola, associado ao Plano Nacional das Artes, em que este ano escolhemos como tema a Escola e o Bairro, Multiculturalidade e Direitos Humanos.

O projecto tenta sempre ter uma perspectiva transversal sobre a escola”, acrescentou. Enquanto a primeira iniciativa aconteceu em Dezembro, que consistiu no “Natal Multicultural”, a próxima actividade pretende “comemorar o 25 de Abril”.

“Vamos fazer uma marcha da liberdade no dia 26 de Abril e vamos ter exposições”, destacou. Sobre a adesão dos alunos às acções previstas, o coordenador diz ser “positiva porque acabam por estar bastante envolvidos nas mesmas”.

“Este tipo de iniciativas são importantes para sensibilizar os alunos. A questão dos valores e dos princípios humanos deve ser acautelada e preservada e consideramos importante transmitir esses princípios e valores aos estudantes”, destacou Joseph Rodrigues, a concluir.

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