19 Abril 2024, Sexta-feira
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Do talento “escondido na meninice” às telas medalhadas em Roma e Paris

Pintora Filomena Morim, residente em Montijo, “acaba” de ser premiada no Carrousel du Louvre, em Paris. Pouco antes fora reconhecida em Itália e, há um ano, na Alemanha

A paixão pela pintura despertou cedo. Logo na infância. Tal como o talento de que dava mostras, mas que só viria a libertar verdadeiramente em idade adulta, quando decidiu avançar para uma formação artística. Filomena Morim, residente em Montijo, iniciou-se na aprendizagem da técnica a óleo, vitral, pintura em cerâmica e em seda sob a orientação da professora Conceição Oliveira na Escola de Belas Artes de Lisboa, na cidade das sete colinas que a viu nascer há 66 Primaveras.

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E, no espaço de um ano, o tal talento que andou “escondido na meninice” foi internacionalmente reconhecido, fruto das pinceladas de arte transpostas para a tela. Primeiro em Berlim, Alemanha, com a conquista de uma medalha de bronze na Artcom promovida na Von Zeidler Art Gallery, em Novembro de 2021. Depois, em Outubro passado, ao sair da Artcom Expo International que decorreu na Galleria la Pigna, em Roma, Itália, com uma medalha de cobre e, mais recentemente (mas ainda no mesmo mês), ao conseguir ser medalhada com prata em Paris, França, no Carrousel du Louvre.

Antes, a artista – que se dedica ainda à prática de terapia holística e que apresenta no currículo académico o bacharelato em Química, pela Faculdade de Ciências de Lisboa – somou dezenas de participações em exposições, nos mais diversos locais em solo luso, mas também no Brasil, onde em 2010 mostrou a sua arte no Centro Cultural José Pedro Boéssio em São Paulo e no Espaço IAB em Porto Alegre.

Como e quando surgiu o gosto pela pintura?

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Descobri na escola primária a paixão pela pintura. Já nessa altura era escolhida para ajudar a pintar os painéis alusivos às várias festas anuais. Mas só comecei a dedicar-me e a desenvolver esta faceta aos 30 anos, altura em que tive aulas de pintura, quer em tela quer em cerâmica e tecido.

Quanto tempo dedica à pintura diariamente?

Não posso estimar, porque é variável. Tanto dá para pintar intensamente durante um mês, de manhã à noite, ou pela noite fora, como para estar dois meses sem produzir nada. Depende da inspiração e se tenho alguma exposição agendada.

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Com que obras conquistou as distinções em Paris e em Roma? O que retratam?

Em Roma com [uma tela a retratar] um fim de tarde na cidade de Lisboa, na zona da expo, intitulada “Lusco Fusco”. A beleza do entardecer alimenta-nos a alma. Em Paris, no Carrousel du Louvre, levei a “Sollidão”, onde se destaca um idoso a olhar o rio e várias gaivotas a sobrevoarem as águas.

Como é um dia normal na vida de uma pintora profissional?

Pesquisa, inspiração, imaginação, ver exposições de colegas, ir a museus, fazer contactos para possíveis exposições. Sinto que um pintor nunca se sente realizado, tentamos sempre melhorar a técnica, porque só com a repetição e dedicação se obtêm bons resultados.

Qual ou quais as principais fontes de inspiração e os nomes que toma como principais referências no mundo da pintura?

Inspiro-me sempre no Universo, naquelas imagens lindíssimas, que nos levam para fora da nossa realidade. Alimento a alma e aí, sim, começo a passar para a tela um conjunto de ideias que se vão mesclando e tomando forma. Os meus pintores de eleição são Salvador Dalí, Botticelli, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Pollock e Kandinsky. Mas existem actualmente pintores fantásticos.

Onde gostaria mais de poder expor, depois de já ter apresentado trabalhos em vários locais a nível nacional e internacional?

Foi uma honra poder participar no Carrousel du Louvre, pois era o meu sonho e o maior ponto de referência na Europa. Gostava de fazer a feira de arte do Dubai, e Nova York, mas [isso] está fora de cogitação visto não ter verba para tal. Um pintor para poder expor no estrangeiro tem de investir muito dinheiro.

O que falta pintar em Portugal?

Portugal tem óptimos pintores, talentos que deveriam ter projecção a nível mundial…

… E o que falta à pintura no nosso país?

A pintura em Portugal não tem qualquer apoio. Não conseguimos arranjar patrocínios para podermos concorrer e apresentar o nosso trabalho. No meu caso fiz vários pedidos de patrocínio e nem uma resposta tive até hoje. Temos de pagar do nosso bolso e é uma verdadeira fortuna. Sei que nalguns países os artistas são todos subsidiados, o que me deixa feliz por eles, mas muito triste por nós. Ficamos em desvantagem, enquanto eles podem ir a todas as feiras de arte e galerias. Eu não posso, visto não ter condições financeiras para poder suportar todas as despesas inerentes. E é assim o panorama da aspiração a reconhecimento internacional.

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