26 Abril 2024, Sexta-feira
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A cultura que sai da comunidade académica e é servida à porta de lares e associações

Grupo assume papel de destaque na sociedade setubalense. “Finura” e “Fim” são as duas peças a estrear já em Dezembro próximo

 

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‘Mora’ no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), na Escola Superior de Educação, um grupo de teatro que se destaca pelo serviço prestado quer à comunidade académica quer à sociedade setubalense. O Grupo de Teatro do IPS, liderado pelo professor José Gil, foi oficializado em 2013, mas a actividade foi iniciada muito antes, congregando já décadas de trabalhos e apresentações.

Na sua intervenção no Campus do IPS, o Teatro do Politécnico desenvolve um trabalho muito dinâmico e próximo de toda a comunidade da instituição. “O nosso elenco chega a ter alunos, professores e funcionários de toda a parte do politécnico”, afirma José Gil.

É comum, por exemplo, os alunos chegarem para fazerem umas horas para o seu currículo, mas também há os que chegam por curiosidade e oportunidade de fazer teatro.

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“Chegamos algumas vezes a receber pessoas que querem fazer teatro, depois de assistirem a peças nossas”, salienta o professor. Para José Gil, há ainda um aspecto maior que marca, definitivamente, o ADN do Teatro do Politécnico, que é o trabalho para a sociedade, a comunidade local.

Exemplo disso é a regularidade com que o Grupo de Teatro do IPS leva peças a lares de idosos, associações culturais ou sociais, fazendo aquilo que chamam de “teatro porta-a-porta”.

José Gil explica: “É um conceito muito importante, que nos aproxima da comunidade. É fundamental fazermos este tipo de teatro, um teatro de inserção social e cultural. É um teatro de intervenção”.

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As actividades deste tipo, ainda que de maneira diferente, não deixaram de ser realizadas em contexto pandémico. “Nunca parámos durante a pandemia. Procurámos sempre alternativas. Os ensaios fizemos, e ainda fazemos alguns, por videochamada, e as peças fazíamos à porta das instituições, ou por telefone, por exemplo, com os idosos”, adianta.

Liberdade para criação artística

O grupo goza também, segundo o professor, de uma grande liberdade de criação artística, não obstante trabalhar alguns clássicos e obras completas da dramaturgia. “Trabalhamos muito as peças originais, escritas pelo próprio elenco. Esse trabalho é importante porque permite aos actores e actrizes trabalharem a sua criatividade, mas também estarem dentro da peça desde o primeiro momento”, considera José Gil.

Além das ideias do elenco, e do próprio professor, é ainda habitual o grupo trabalhar histórias contadas por terceiros. “Somos um grupo muito próximo da comunidade e esse trabalho permite-nos recolher muitos testemunhos e histórias. É muito comum pegarmos nesse material e depois criar as nossas peças”, explica o responsável, ao mesmo tempo que realça a aceitação sentida”.

“As pessoas ficam muito contentes quando vêem que os seus testemunhos, e em alguns casos histórias de vida, são retractados nas peças”. Nesse âmbito enquadra-se a peça “Finura”, que estreia no dia 10 de Dezembro no Museu do Trabalho.

“É uma estória sobre uma personagem de Setúbal, o Finura. Conta a história de um conserveiro, que fez a sua fá brica na garagem de sua casa. A peça foi, em parte construída, com testemunhos e outro material que fomos recolhendo. Foi o elenco, juntamente comigo, que foi construindo a peça”, desvenda José Gil.

No que toca a peças de autores, o grupo encontra-se a trabalhar a peça “Fim”, de António Patrício, que tem estreia marcada para o dia 15 do próximo mês, no IPS. As actuações, como é habitual, têm entrada gratuita, mas mediante reserva, que podem ser feitas através do [email protected].

O grande obreiro José Gil teve a sua vida sempre ligada ao teatro, mas iniciada de forma curiosa. E tudo começou com tenra idade e no seio familiar. “Tinha nove irmãos e nos dias de aniversário tínhamos de fazer uma peça, uma brincadeira, para o aniversariante”, conta.

A partir daí continuou sempre ligado ao teatro, formou-se na Escola de Teatro e Cinema em Lisboa, e passou por grupos, companhias e pelas mãos de vários mestres, como Joaquim Benite e Mário Barradas.

“Vivi as dificuldades que todos os actores e actrizes de teatro vivem”, confessa José Gil, que foi depois obrigado a procurar alternativas. “Quando a minha filha nasceu, não tive alternativa, comecei a dar aulas”.

Iniciou assim a sua ligação à Educação. Como professor andou pelo País, passando por Coimbra, Penafiel, por exemplo, até chegar a Setúbal nos anos 80. E é no Instituto Politécnico de Setúbal que se mantém com o projecto que serve não só a comunidade académica como ainda a comunidade local.

Sonho “Gostava de ver um teatro físico no Campus”

José Gil não esconde que tem um sonho, em torno do grupo que lidera. Apesar do Teatro do Politécnico beneficiar de um grande apoio da instituição, o experiente professor espera que, até se reformar, o grupo possa vir a contar com um reforço no Campus.

“Gostava de ver um teatro físico no Campus. Já falei sobre isso e penso que o espaço que temos dava para o fazer. Mas reconheço que o politécnico não tenha as condições financeiras para tal”, revela José Gil.

“Nós hoje ensaiamos e fazemos as nossas coisas na Sala de Drama que, apesar de ter condições, não deixa de ser uma sala de aula”, diz o professor, que reforça a concluir: “Além de deixar o teatro nas pessoas, gostava de deixar uma obra física”.

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