27 Abril 2024, Sábado
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A Feira de Sant’Iago pelos olhos de quem a sente

Nuno Silva, Mariana Dias, Carlos Caramelo, Bruno Rodrigues e Luísa Santos não se conhecem, mas têm as idas à Feira de Sant’Iago em comum. A O SETUBALENSE, revelaram as suas experiências e memórias

…“Diversão”. É esta a palavra mais usada para descrever a Feira de Sant’Iago como evento. Pelo menos, entre os cinco visitantes que aceitaram conversar com O SETUBALENSE acerca das suas experiências, actuais e passadas, e memórias que guardam das idas à feira. Do tempo em que o certame – um dos maiores do sul do país – assentava arraiais durante duas semanas na Avenida Luísa Todi, a este tempo em que já soma 15 anos desde que se mudou para o Parque de Sant’Iago nas Manteigadas. Há quem não alinhe pelo discurso saudosista de que ‘na Avenida é que era bom’. Vasculhando nas gavetas da memória, outros preferem evocar memórias olfactivas para explicar como a feira de Setúbal os marcou a ponto de, ainda hoje, voltarem dia após dia. Ou há ainda quem acredite que este continua a ser um ponto de encontro anual dos setubalenses. Na sua 437ª. edição, eis a Feira de Sant’Iago contada pelo olhar de cinco dos seus milhares de visitantes.

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Nuno Silva, 43 anos, setubalense, técnico de manutenção

Nuno Silva já frequenta a Feira de Sant’Iago desde que se conhece como setubalense. “Já venho à feira desde criança, quando vinha com os meus pais, ainda na altura em que a feira era lá em baixo na Praça José Afonso”, diz, a início de conversa. Quinze anos voaram entretanto, e hoje, já com 43, entra no recinto com os filhos, um de sete e outro de 16. O mais velho adora os carrosséis, conta, lembrando-se de como, também criança, costumava andar neles. “Lá em baixo íamos à feira muitas vezes a pé e voltávamos com os amigos”. Hoje, quando Nuno Silva vai à Feira de Sant’Iago, são outros os valores que se levantam: na verdade não passa sem um pão com torresmos: “Todos os anos venho cá de propósito para comer um pão com torresmos, é quase um ritual”, confirma, sorridente. E não é por isso que esquece o “tradicional choco frito” setubalense, numa edição dedicada à Gastronomia. Pode a comida tornar a feira uma “diversão”? Para Nuno Silva, parece que sim.

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Mariana Dias, 26 anos, setubalense, produtora de eventos

Farturas, bifanas e algodão doce é coisa que se abunda em qualquer feira popular, é certo, mas para Mariana Dias, as que eram vendidas na Avenida Luísa Todi marcaram positivamente a sua memória olfactiva. Tornaram-se, para si, “o cheiro da feira”. Ir à feira, relata, “era um ritual”. “Tenho a recordação de os meus pais estacionarem o carro no Bairro do Liceu e que em todo aquele percurso até à avenida nos cruzávamos com imensas pessoas”. A Feira de Sant’Iago como “ponto de encontro para setubalenses”, ontem como hoje – sublinha –, e para forasteiros também. E se há sítio onde todos se encontravam, e encontram, e onde Mariana gosta de ir, é o Bar Séninho, concorrido balcão de bifanas e imperiais. Música para os ouvidos da jovem setubalense, que não hesita em considerar “grandioso” o cartaz que o evento “oferece à comunidade”. Numa palavra: “excepcional”.

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Carlos Caramelo, 59 anos, lisboeta, economista

Carlos Caramelo pode bem representar o renovado interesse que a Feira de Sant’Iago tem despertado em pessoas de fora do concelho de Setúbal. Este ano visitou o certame pela segunda vez, vindo de Lisboa com a mulher, depois de o ano passado ter ido à feira “já nos últimos dias”. “Vi mal”, justifica. E porque regressou? Movido pela “curiosidade”, responde o economista, explicando: “Nós conhecemos o Interior, nomeadamente a zona da Beira-Alta, e tomara muitos sítios terem feiras como estas. É muito idêntica à de Viseu e do que vi, estou a gostar”. A organização, a limpeza e a qualidade da oferta merecem elogios e justificam a conclusão de que a Feira de Sant’Iago é um “espaço agradável” e “atraente”.

 

Bruno Rodrigues, 26 anos, setubalense, operário fabril

Bruno Rodrigues é parco em palavras quando convidado a dizer porque é que gosta de ir à Feira de Sant’Iago. “Para dar um passeio”, diz, timidamente. Pelos concertos e pelo convívio. Mas, quando o assunto vira para o tema da agenda deste ano, parece que a voz ganha algum entusiasmo. “Gosto de um bom choco frito, peixe assado, vinho”, revela, em conversa à porta da renovada área empresarial, no Pavilhão Multiusos das Manteigadas. No mesmo tom em que começou, conclui: a feira é uma “diversão” – e a verdade é que cada um a vive à sua maneira.

 

Luísa Santos, 66 anos, pampilhosense, assadora

Com Luísa Santos, natural de Pampilhosa da Serra e a viver em Setúbal há quase 40 anos, nem vale a pena perguntar se é apreciadora de bom peixe. “Trabalhei 33 anos num restaurante a assar peixe” – atira –, como seria possível não gostar? A conversa flui no stand do projecto municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, com o stand da marca “Setúbal Terra de Peixe” ali bem perto. O que costuma levá-la à Feira de Sant’Iago na companhia do marido, no entanto, não é tanto a oferta gastronómica. É o tão simples “passear, a diversão, ver o colorido das luzes”. Quando sobe para o carrossel gigante que anda à roda com girafas e canecas giratórias, a experiência ganha ainda mais emoção. “Quando trago a minha neta vou para o carrossel. Ela gosta dos outros, mas vai com os pais. Comigo, vai naquele que eu gosto”, conta, bem disposta. Uma diversão, a Feira de Sant’Iago.

André Rosa
Jornalista
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