Quando chegar à navegação a embarcação tradicional do Barreiro – “Muleta” – já terá a sua navegação alinhada com Lisboa, devido ao protocolo de acostagem assinado entre o município e a APL
Depois de a Câmara Municipal da Moita ter aprovado um protocolo com a Administração do Porto de Lisboa (APL) para a disponibilização gratuita de postos de acostagem em Lisboa a embarcações tradicionais municipais, o Barreiro segue passos semelhantes, com vista a preparar marés para a navegação da sua “Muleta”.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Frederico Rosa, a presidente e o vogal do Conselho de Administração da APL, Lídia Sequeira e Ricardo Medeiros, respectivamente, assinaram um protocolo a 17 de Outubro, com vista à disponibilização de pontos de acostagem em Lisboa a ser utilizados por embarcações tradicionais do Estuário do Tejo.
Este protocolo é direccionado para os municípios da área de jurisdição da APL e abrange pontos de acostagem situados nas docas geridas pela APL, designadamente o pontão Achigã na doca de Alcântara; a doca de Santo Amaro e a doca de Belém.
Lídia Sequeira destaca o protocolo da APL com os municípios como mais um passo para a união das duas margens, “significando também um incentivo para a navegação no rio Tejo”.
Muleta do Barreiro é única no país
Depois de mais de um ano de trabalho a “Muleta”, embarcação tradicional do município barreirense, já está concluída.
A réplica dos barcos que navegaram no Tejo até ao início do século XX foi construída no Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, pelas mãos e orientação de mestre Jaime e da equipa que mantém de pé o último lugar do país dedicado à construção tradicional naval.
A “Muleta” é a razão pela qual o presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Frederico Rosa, salienta que o acordo com a APL “vem possibilitar que as pessoas da outra margem possam visitar o Barreiro e, por outro lado, teremos locais amigos para acostar a nossa embarcação em Lisboa”.
A história das muletas que navegavam o Tejo entre as antigas embarcações tradicionais, remonta, talvez, a nove séculos, “quando os vikings andavam pelas costas da Europa, em campanhas de pirataria por tesouros, mantimentos e territórios”, imagina Mestre Jaime.
Ideias tiradas do livro “A Muleta” de Manuel Leitão, Ferdinando Oliveira Simões e António Marques da Silva. E foi também a partir dessa obra que fez o desenho da “Muleta”, antiga embarcação tradicional do Barreiro.
“Depois de um ano de trabalho a embarcação está pronta, à espera do dia da partida, rumo ao Barreiro, para voltar a ocupar o seu lugar como glória do Tejo antigo”.
Jaime Costa nunca tinha feito um barco com estas características. E, para o mestre, este “é único no país, há mesmo quem diga que é uma relíquia”.
A muleta caracteriza-se por uma proa e uma ré com bicos e saliências, para defesa de outras tripulações que as abordavam para possíveis saques. As últimas da sua “espécie” deixaram o Tejo em 1910. “E há mais de 100 anos que não se construía uma nova”.
Navegação sem data
Quanto à data para a inauguração da “Muleta” que, segundo informações avançadas pela equipa do Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, estaria prevista para Setembro, o que não se verificou.
O SETUBALENSE – DIÁRIO A REGIÃO contactou a Câmara Municipal do Barreiro, no sentido de saber quando os barreirenses vão ter a sua “Muleta” a navegar no Tejo e qual o valor investido na recuperação da embarcação, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter resposta.
Fotografia Arsénio Franco