Ainda ninguém sabe se a unidade industrial está ou não licenciada, e por quem. A autarquia promete urgência na averiguação
A laboração de uma unidade industrial de decapagem, na Quinta das Laranjeiras, Fernão Ferro, está a revoltar os moradores, que na última reunião de Câmara, no passado dia 11, deram conta da sua insatisfação e desconforto.
“Temos conhecimento da situação e no local já esteve uma equipa da Fiscalização”, afirmou o autarca na referida reunião, adiantando que “qualquer unidade industrial tem de ser licenciada pelo Ministério da Economia ou pela Câmara Municipal. Se este caso for da nossa responsabilidade, agiremos em conformidade ou solicitaremos ao Ministério que o faça”.
Além disso, prosseguiu, as “indústrias têm de possuir uma licença ambiental que implica uma análise à utilização dos químicos. Relativamente ao ruído, há legislação nacional, mas também aqui a autarquia pode mandar fazer uma avaliação do ruído, como já o fizemos noutros casos, em que a população se queixou, como, por exemplo, à Siderurgia Nacional.
Joaquim Santos assegurou que “podem contar com a CM para acompanhar este processo, porque a vida das populações é mais importante do que as questões económicas, e se esta empresa não puder ficar ali, terá de procurar novo espaço”.
Cheiro e barulho insuportáveis
Foi assim que o presidente da autarquia respondeu, por exemplo, ao desconforto de Luís Fonseca, para quem “esta é uma questão de saúde pública. Com este calor, não podemos abrir as janelas, porque o cheiro entra pelas casas e o barulho é durante todo o dia”. Ou à insatisfação de Bruno Moreira, que deixou “um alerta à empresa que se deslocou de Paio Pires para a Quinta das Laranjeiras. Trata-se de uma empresa poluente de decapagem. E, porque tenho o quintal cheio de pó e o cheiro é insuportável, peço à Câmara Municipal que investigue o que se passa. Além disso, estão a fazer obras num edifício já ali existente, e não sei até que ponto dentro da legalidade”.
Também António Ventura se queixou do que tem passado desde que a unidade industrial começou a funcionar: “Sentimos os cheiros ácidos, além de me parecer que as águas resultantes da laboração são canalizadas para esgotos e sargetas sem tratamento”.
As árvores e a relva estão a secar
Posteriormente à Reunião de Câmara, contactámos Rui Moreira, proprietário de quatro pequenas empresas industriais que empregam 31 trabalhadores, e cujo escritório fica encostado às instalações da unidade industrial poluidora. Disse-nos ele: “Estou certo de que não há qualquer licenciamento, caso contrário a Câmara Municipal já me tinha feito chegar resposta à minha reclamação e à da Comissão de Moradores. Ninguém pode respirar durante todos os dias ar poluído. As árvores e a relva estão a secar”. Por conseguinte, prosseguiu em tom desanimado, “se nos próximos tempos a situação não se resolver “ver-nos-emos forçados a abandonar esta zona com os custos daí resultantes, encerrando as actividades destas quatro empresas, remetendo para o desemprego um total de 31 trabalhadores”.
Autor: José Augusto