Há música para todos os ouvidos, espectáculos para todos os olhos, política para todos os debates, convivência e amigos para o mundo inteiro
Na próxima semana, a partir de sexta-feira, dia 6, abrem-se os portões das quintas da Atalaia e do Cabo para que milhares de cidadãos de todas as idades e matizes ideológicos desfrutem dos três dias da Festa do Avante! Quem os transpuser, pela primeira vez, compreenderá certamente o aforismo que encima este texto, tão grato aos construtores e aos desfrutadores da Festa.
Milhares de horas de trabalho voluntário, de comunistas e amigos do Partido, tornam esta Festa possível todos os anos, desde 1976. São homens e mulheres, novos e velhos, que se arranjam de carpinteiros, de electricistas, pintores, motoristas, mecânicos, cabouqueiros ou jardineiros.
Conhecidos artistas deixaram marca profunda na Festa. Basta lembrar nomes como Chico Buarque, Ary dos Santos, Zeca Afonso ou Adriano Correia de Oliveira. Outros, alcançaram a sua consagração actuando em palcos e conquistando a aplauso de milhares de admiradores. Este ano não será excepção.
A Festa do Avante reúne muito do que melhor se faz no nosso país, seja em arte ou cultura, gastronomia ou folclore, música ou cinema. Olhando para o programa, editado em formato de revista, e que se pode comprar à entrada da festa, difícil é a escolha porque a oferta é abundante. São centenas de espectáculos, entre teatro, concertos e cinema, além de provas desportivas, debates e exposições.
Pintura e música de todo o mundo
Aproveitamos para lembrar que este é ano de Bienal, que reúne nomes consagrados ou em fase de emergência no panorama nacional das artes plásticas. Mais de 150 artistas participaram no concurso da Bienal com mais de 250 obras, tendo sido selecionadas 80, entre desenhos, esculturas, pinturas e gravuras. No mesmo Pavilhão Central estará patente uma exposição individual de pintura de José Santa Bárbara.
A Orquestra Sinfonietta de Lisboa abre, na sexta-feira, o extenso programa musical da Festa. Executará obras de Beethoven, Mendelsson, Schumann e Ravel, entre outras. Isto, no que toca a música clássica, pois o programa contempla música de todos os géneros, desde jazz ao fado, passando pelas mais inovadoras. São dezenas de artistas, portugueses e estrangeiros, que pisarão os palcos da Festa.
Paladares do Minho ao Algarve, passando pelas ilhas
Festa não é festa, sem comes e bebes. Neste capítulo, a Festa do Avante é imbatível. Quem se vai acobardar perante um polvo à açoriana, um ensopado de borrego alentejano, uns percebes algarvios, um leitão da bairrada, um bacalhau à Braga, uma posta mirandesa, uns maranhos da Beira Baixa, uma chanfana, uma migas de Leiria, um picadilho da Madeira, uma francesinha à Porto, um naco de touro bravo de Santarém, uns rojões à moda do Minho, uma posta de vitela dos baldios de Vila Real ou um caldo de cebola à Vila Nova de Paiva? E isto só para citar manjares que vêm à cabeça da lista. Claro que os acompanhamentos vinícolas não lhes ficam atrás. Desde generosos a vinhos de mesa, de champanhes a licores, nada falta nesta imensa mesa portuguesa, local de ponto de encontro e convívio, ideal para rever velhos amigos e recordar episódios que cimentaram solidariedades. Além disso, na Cidade Internacional, além de artesanato que sobressai pela sua originalidade, também se pode petiscar e bebericar como s estivéssemos na China ou na Espanha, em Cuba ou na Guiné-Bissau, na Alemanha ou no Peru.
Da Cidade da Criança ao Espaço Ciência
A primeira, fará a delícia dos mais pequenitos, enquanto o segundo está virado para a divulgação científica, em regime experimental. Este ano elegeu “Adições e Dependências” como tema principal. Mas há muito mais onde passar um bom bocado e, claro, gastar uns euros. Como na Festa do Livro e do Disco, que decorrerá num ambiente de apresentação e lançamento de obras, com os respectivos autores a autografá-las, e debates literários.
As cidades Internacional e da Juventude não se podem perder, mesmo que julguemos avançada a idade: aquela, com petiscos e artesanato do mundo; esta, com o palco Novos Valores, que diz tudo.
É suculento também o programa desportivo, com realce para a Corrida da Festa, no domingo de manhã, que reúne milhares de atletas. Têm sido muito concorridos, por exemplo, os torneios de boccia, de basquetebol em cadeira de rodas, futsal, aulas de ballet, xadrez, escalada, matraquilhos, malha, eu sei lá, um fartar de disciplinas, entre federadas e populares.
Como se compreende, as estruturas e os serviços da Festa vão melhorando de ano para ano. O espaço está dotado de um centro médico, de uma secção dos bombeiros, de bagageiras e de caixas multibanco.
A apresentação está feita. Agora é decidir e rumar a Atalaia. Como dizem os que por lá passam, “não há Festa como esta!”.
José Augusto