Voltemos a falar do tempo

Voltemos a falar do tempo

Voltemos a falar do tempo

, Ex-bancário, Corroios
14 Janeiro 2025, Terça-feira
Francisco Ramalho

Já lá vai o tempo em que por esta altura do ano, mesmo no Alentejo, os rios, ribeiras e barrancos (no Alentejo não se usava a designação de ribeiros) iam cheios. Até lá havia peixe; pardelhas, bordalos, enguias. Agora, por exemplo aqui na zona onde moro, Corroios, desde a última vez que tinha chovido e que já nem me lembro, talvez na primavera, choveu agora apenas três dias durante umas duas ou três horas e chuva fraca.

É a segunda vez que escrevo aqui n`O SETUBALENSE sobre este assunto. A primeira foi em 4/4/23 “Falemos do Tempo”. “Depois das fortes chuvadas de fins de dezembro e janeiro que até provocaram inundações, nunca mais choveu coisa que se visse. Têm caído apenas uns borrifos. Portanto, em pleno inverno, quase dois meses sem chover a sério, agora já com temperaturas a rondar os 30 graus e a previsão de chuva é zero”. Dizia ainda que a maioria das barragens a sul do Tejo estavam abaixo de 50% do seu nível máximo. E fazia referência a um anúncio do Governo de então no Dia Mundial da Água, à construção de uma futura central de dessalinização na costa algarvia. Anúncio que, suponho, não passou disso mesmo.

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Foi há quase dois anos, mas o problema, como sabemos, assim como o gradual aumento da temperatura, tem muitos mais. E tem a ver, evidentemente, com as famigeradas alterações climáticas. Basta estarmos minimamente atentos para nos apercebermos delas mesmo junto de nós. Nem sequer é preciso evocarmos as grandes catástrofes relacionadas com chuvas torrenciais, secas, ciclones, degelos e as suas terríveis consequências. Mas convém, e muito, que tenhamos consciência que elas existem, porque é que existem, que contribuamos para minimizá-las ou para que não existam e denunciemos quem não o faz. Sobretudo, entidades coletivas ou pessoas que pelo poder que exerçam são determinantes positiva ou negativamente. Como é o que se trata, no segundo caso, do negacionista confesso, Donald Trump. E outros responsáveis políticos de extrema-direita.

Altas instâncias como o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, o Papa Francisco e grande parte da comunidade científica, têm feito avisos e apelos dramáticos no sentido de se conterem as causas que as originam; a continuada exploração e utilização de combustíveis fósseis, a poluição terrestre, de rios e mares, o uso intensivo de explorações agrícolas, a destruição de florestas para esses fins ou para outros que visam apenas o lucro.

As consequências são diversas e gravíssimas quase todas. Já com milhões de vítimas de tantas espécies, incluindo da nossa. Ainda recentemente um relatório do Observatório Português da Saúde e Ambiente, concluiu que 8% das mortes em Portugal estão relacionadas com fatores ambientais. E acrescenta que políticas no nosso país negligenciam o impacto das alterações climáticas.

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A terminar, mais outro exemplo que todos podemos verificar; a drástica diminuição de aves migratórias. São ciclos da Natureza com milhões de anos que se quebram. E isso é gravíssimo.

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