Vitória Futebol Clube e uma página triste do futebol português

Vitória Futebol Clube e uma página triste do futebol português

Vitória Futebol Clube e uma página triste do futebol português

, Professor
18 Julho 2022, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Sabemos que o futebol português é um universo pantanoso, onde a “verdade desportiva” se decide muitas vezes fora das quatro linhas.

 

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Antes tivemos a Operação Apito Dourado, as Operações Prolongamento e Malapata que fedem todas olimpicamente à distância, com Theodoro Fonseca alegadamente implicado em crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais em negócios entre o FC Porto e a SAD do Portimonense.

 

Relembremos que do Portimonense ficou na primeira liga, quando deveria ter descido; desceu o Vitória, quando devíamos ter permanecido no escalão principal da dita cuja, após termos vencido a B-SAD.

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Mas tudo isto já vem detrás e um exemplo concreto foi o que se passou no Campeonato Nacional de Juniores, época 1994/1995.

 

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O treinador dos Juniores do Vitória, era o nosso Fernando Tomé que foi quem me contou toda esta malfadada história.

 

O presidente do Boavista era Valentim Loureiro, um dos visados no processo Apito Dourado

 

Na 3ª e última fase de apuramento para Campeão Nacional, encontravam-se na disputa quatro equipas: Vitória, Benfica, Braga e Boavista. Nessa altura, a vitória correspondia somente a dois pontos.

 

Com o decorrer do campeonato e quando faltavam três jornadas para a sua conclusão, o Vitória recebeu no Bonfim o Boavista, que tinha três pontos de avanço.

 

O Vitória venceu por 1-0, golo de Portela. Nesse jogo foram expulsos Nuno Gomes e Tavares, por agressão a jogadores do Vitória. Com Tavares foi mais grave, porque além de ter agredido um jogador, também insultou o árbitro.

 

Na jornada seguinte, o Boavista jogou com o Benfica. Nuno Gomes e Tavares não foram utilizados nesse jogo, decorrente dos vermelhos directos ocorridos anteriormente. O resultado foi um empate a um golo.

 

Nessa mesma jornada, o Vitória venceu o Braga, na cidade dos Arcebispos por 4-1, o que implicou ficarem Vitória e Boavista com o mesmo número de pontos, embora o Vitória tivesse vantagem de um golo.

 

Nessa semana, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol castigou Nuno Gomes com três jogos e Tavares com cinco jogos.

 

Na derradeira jornada, o Vitória defrontou e venceu o Benfica, por 4-0, no Bonfim. Eu estive nesse jogo.

 

O Boavista, jogando em casa, venceu o Braga por…7-0 (!!!), com quatro golos de Nuno Gomes e um de Tavares.

 

Após os dois jogos decorridos, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol detectou as irregularidades decorrentes da utilização indevida dos dois jogadores suspensos (Nuno Gomes e Tavares), atribuindo derrota ao Boavista por 3-0, e sagrando campeão nacional de juniores, o Vitória Futebol Clube.

 

O Boavista recorreu da sentença para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, que é um órgão juridicamente acima do Conselho de Disciplina, constituído por três elementos.

 

O Conselho de Justiça, presidido pelo juiz Jesus Costa, deu provimento ao recurso do Boavista, atribuindo-lhe a vitória no referido campeonato nacional.

 

A esta última instância jurídica, o Vitória não pôde mais recorrer.

 

Anos depois destas ocorrências e na sequência do processo Apito Dourado, o Boavista foi relegado para a 3ª divisão em 2008/2009, tendo regressado seis anos depois, de novo à 1ª Liga, em 2014/2015, uma vez que o processo atrás mencionado prescreveu judicialmente.

 

Portanto, quando Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes fala em credibilidade do futebol português, estamos, basicamente, conversados.

 

Quanto ao Vitória Futebol Clube, estou firmemente convicto que, mais tarde ou mais cedo, irá inevitavelmente regressar aos lugares cimeiros.

 

Será sempre esse o seu destino.

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