Ver e ouvir com amor

Ver e ouvir com amor

Ver e ouvir com amor

12 Dezembro 2024, Quinta-feira
Francisco Cantanhede

Ver o mundo que nos rodeia, desde o nosso lar até ao céu coberto de estrelas ou irradiando a luz do sol, ver tudo o que o nosso olhar alcança, é uma dádiva da Natureza, sim da Natureza que nos criou, da Natureza que se renova, que não morre. Mas não basta olhar, é preciso observar e ouvir com amor.

Ver e ouvir em casa, com amor, a/o companheira/o e os filhos. Queixam-se os professores que, há, cada vez, mais indisciplina na escola – este é, sem dúvida, o maior problema que afeta a educação em Portugal. Para o enfrentarmos, os pais devem ouvir os professores, e estes devem ouvir os pais; os professores devem ouvir os alunos e estes devem ouvir os professores, os pais devem ouvir os filhos e estes devem ouvir os pais. Mas ouvir com compreensão, com verdade, com vontade de autocorreção. A indisciplina na sala de aula está, quase sempre, relacionada com o ambiente familiar. Crianças/jovens que não são ouvidos, que são educados para o ter e não para o ser, que não são amados.

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É frequente os pais premiarem os bons resultados nos testes com recompensas financeiras, com vestuário de marca, com telemóveis do último modelo; raramente, um pai ou uma mãe abraça e beija os filhos e diz «estou muito feliz, muito orgulhoso/a de ti!.» O dinheiro não compra o amor, logo educar para o ter é educar para a infelicidade, pois qualquer ser humano é insaciável no que respeita à posse de bens materiais; qualquer ser humano que seja educado para o ser, sente um bem-estar interior quando pratica uma boa ação, ou seja, vive a verdadeira felicidade, a mesma felicidade que o invade quando observa e ouve a Natureza.

Na atualidade, olhar para o mundo é ver infelicidade! Será que os israelitas ouvem os palestinianos? Não, não ouvem! Será que os palestinianos ouvem os israelitas? Não, não ouvem! Será que os russos ouvem os ucranianos? Não, não ouvem! Será que os ucranianos ouvem os russos? Não, não ouvem! Será que os decisores, empresários e políticos, ouvem a Natureza? Não, não ouvem! Será que os injustiçados são ouvidos pelos que praticam as injustiças? Não, não são!

Todos veem dor, sangue, morte, mas ninguém ouve ninguém! Porquê? Talvez os que não ouvem nunca tenham sentido o calor de um abraço, o saber de um beijo; talvez não saibam o que é o amor. É preciso, é urgente, educar para o ser, para que todos aprendam a observar e a amar a Natureza, a saber ouvir os outros, para que todos sejamos felizes!

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