Ventiladores? Temos, mas …

Ventiladores? Temos, mas …

Ventiladores? Temos, mas …

18 Dezembro 2020, Sexta-feira
Fernanda Velez

O ventilador, um equipamento médico decisivo no combate à pandemia de Covid-19, utiliza-se para responder a casos mais graves da doença provocada pela infeção com SARS-COV-2, o novo coronavírus.

Tendo em conta que o recurso a ventiladores tende a aumentar quando o número de doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos é maior, o Ministério da Saúde entendeu, e bem, reforçar o número destes equipamentos logo que começaram a verificar-se os primeiros casos positivos de Covid-19. Assim, em março, o Estado Português deu início à encomenda de ventiladores a fabricantes chineses, pagando antecipadamente o valor que lhe foi exigido.

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O reforço da capacidade hospitalar, em termos de ventiladores, tem sido enfatizado pelo Governo, que é pródigo em anúncios, mas que, por vezes, muitas vezes, não passam disso mesmo.

Em abril começaram a chegar os equipamentos de ventilação assistida encomendados à China, mas, em alguns deles, os botões e indicadores estavam em mandarim. O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, apressou-se a desdramatizar a situação referindo: “se for preciso pode ser dada formação aos profissionais de saúde, para que consigam ler os indicadores”. Formação destinada a pessoas que estão todos os dias na linha da frente? É preciso não ter nenhuma consideração por estes profissionais de saúde!
O Governo, em diferentes circunstâncias, revelou ter comprado cerca de 1200 ventiladores. Porém, segundo o último relatório do primeiro estado de emergência desta segunda vaga, entregue no Parlamento a 2 de dezembro, desde o início da pandemia apenas foram distribuídos 797 equipamentos de ventilação assistida pelos nossos hospitais.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, já se efetuaram 15 voos de Pequim para Lisboa, contratados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que permitiram o transporte de um total de 1181 ventiladores para Portugal.

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Em julho, uma Auditoria do Tribunal de Contas aos contratos sem fiscalização prévia relacionados com a Covid-19 contava 12 compras, adjudicadas em março e abril, de um total de 1211 ventiladores. Mas, o que se passa com centenas de ventiladores pagos pelo Estado português que chegaram ao nosso país e que ainda não foram entregues nos hospitais?

Numa Audição Parlamentar, a Senhora Ministra da Saúde revelou que há mais 253 ventiladores, mas continuam sem funcionar devido à falta de uma peça, “uma espécie de tomada/adaptador” para ligar à rede de oxigénio. Trata-se, segundo informação do Gabinete da Senhora Ministra da Saúde, de uma peça que nada tem a ver com os contratos para compra de ventiladores e que é adquirida em separado, pois depende do tipo de sistema da rede de oxigénio instalada em cada hospital. Mas, de que serve ter ventiladores se nem todos funcionam?

Até ao momento, o Ministério da Saúde ainda não esclareceu o porquê da diferença entre ventiladores chegados ao país e aos hospitais. Fonte deste Ministério referiu apenas que “nem todos” os contratos relacionados com ventiladores presentes no relatório do Tribunal de Contas “foram executados, devido a constrangimentos resultantes da forte procura por este equipamento, o que provocou escassez nos mercados”. Em consequência, referem, ainda, “foi impossível entregar os equipamentos adquiridos por parte de alguns fornecedores, determinando-se o cancelamento dos contratos”. Mas, será que os fornecedores que não entregaram os equipamentos já devolveram o montante pago pelo Estado português?

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Em suma, temos ventiladores, mas…

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