Setúbal tem das mais elevadas taxas de abstenção a nível nacional, o que se densifica por si nas eleições autárquicas. É, pois, urgente voltar a aproximar os eleitos dos eleitores, combatendo a desconfiança que nos impede de melhor comunicar com os munícipes. Temos de vencer a descrença, o desânimo, e a desconfiança na atividade política e ativar mecanismos de participação do cidadão, envolver as pessoas e dar-lhes poder efetivo de decisão política, sobre os destinos do seu concelho e das suas freguesias. Urge ter consciência de que a democracia não se esgota na democracia representativa e que esta, por si só, já não responde mais aos desafios da sociedade. Há, portanto, a necessidade de criar mecanismos de participação e sobretudo de decisão e deliberação que liguem os diversos agentes da sociedade civil. Este é um desígnio que diz respeito a todos os agentes que em missão desempenham a nobre missão de serviço público e que tem de ter envolvimento direto de toda a sociedade civil. Para passarmos da democracia representativa à democracia participativa e deliberativa, temos de ir muito além da exclusiva participação nos períodos eleitorais. Urge dar forma a uma participação efetiva, direta e deliberativa dos cidadãos, de forma regular e não apenas na escolha dos seus representantes, mas também, e sobretudo, nos processos, escolhas e tomadas de decisão política.Para construir o futuro já não basta apenas ouvir a população ou consultar as pessoas, para depois no fim serem os mesmos, os que estão no poder, a decidir e a ter a palavra final! As pessoas já não se contentam em serem ouvidas, querem ter poder efetivo de decisão sobre os destinos e as políticas da sua terra. Neste caminho, as próximas eleições autárquicas consubstanciam uma possível mudança para um novo ciclo que dê a todos motivos para ficar, para acreditar e para ter esperança em Setúbal. Um novo ciclo que afirme e projete Setúbal como uma cidade inclusiva e participada, com transparência e verdade, com história e identidade, como uma cidade justa e solidária, como uma cidade que emprega, que qualifica e que aproxima. Uma Setúbal melhor, onde todos nós e em particular os nossos filhos, possam construir o seu futuro e realizar-se pessoal e profissionalmente. Um desafio para o qual todos estamos convocados. Um desafio de futuro que não tem reflexo em apostas do passado. Esta é a hora. Vamos Setúbal!