Pedroso da Silva é uma “enciclopédia viva”, uma mais-valia que nenhuma Universidade Sénior no nosso país se daria ao luxo de desperdiçar
Declaração de interesses: nutro por José Manuel Pedroso da Silva elevada estima e consideração, há uns bons anos, e agradeço e orgulho-me de que faça o favor de me chamar amigo.
Esta afeição pelo ser humano extraordinário que Pedroso da Silva é não impede, todavia, que consiga fazer a devida separação de águas na “avaliação” que abaixo se segue. Até porque, o reconhecimento que me apresto a fazer-lhe é, senão unânime, esmagadoramente consensual, pelo menos, no seio da comunidade montijense.
Estamos perante um comunicador por excelência, uma fonte de conhecimento alargado, com uma cultura geral assinalável, referência máxima no mundo da heráldica e franco dominador de várias outras áreas académicas… enfim, estamos perante uma “enciclopédia viva”, que cativa e agarra qualquer um com o seu discurso, sempre que disserta sobre as mais variadas matérias. Predicados a que o tenente-coronel acrescenta ainda elevada dose de requintada educação e não menos apreciável bom-trato.
Virtudes que contribuíram para que Pedroso da Silva fosse, ao longo de mais de uma década, um dos maiores activos entre o corpo lectivo da Universidade Sénior do Montijo (sem desprimor para outros). Uma mais-valia que nenhuma Universidade Sénior no nosso país (estou profundamente convicto disso!) se daria ao luxo de desperdiçar.
Nenhuma, excepção feita à do Montijo, que para este ano lectivo alegou não ter horário disponível para contemplar a aula habitualmente ministrada por Pedroso da Silva, sob pretexto de não ter recebido atempadamente manifestação de interesse do próprio em continuar a leccionar. E a palavra “pretexto” não foi aqui escolhida ao acaso, tem peso, considerável até, se atendermos ao seu significado.
Ao olhar para esta perda (passageira, espero) da Universidade Sénior e dos montijenses que a frequentam, sou levado a parafrasear o Padre António Vieira: “Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o que tem”.
E ao meu estimado amigo Pedroso da Silva – cujo trabalho desenvolvido na Universidade Sénior do Montijo dispensa apresentações – deixo um forte abraço de solidariedade, seguindo pelo trilho da sabedoria do Padre António Vieira: “Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.” Pena é quando esses outros preferem a escuridão. O que é difícil de entender, porque a boa Educação “é moeda de ouro, tem valor em toda a parte”.