Uma opção nada socialista

Uma opção nada socialista

Uma opção nada socialista

, Ex-bancário, Corroios
9 Junho 2020, Terça-feira
Francisco Ramalho

Já lá vai o tempo em que o poder estava essencialmente na ponta das baionetas. Agora, está mais nos écrans da televisão, dos computadores e, algum ainda, na rádio e nos jornais. É claro que as Forças Armadas e toda a parafernália bélica convencional e nuclear continuam a contar muito. Mas, sobretudo, fundamental, é condicionar, manipular, as massas, para assim mais facilmente serem exploradas e convencidas de que as guerras são necessárias. Portanto, o domínio da comunicação social(CS) pela classe dominante, é essencial.

Com o advento da Internet e respetivas redes sociais e a concentração dos órgãos da CS , a imprensa regional e as rádios locais, começaram a perder leitores e ouvintes. Mas a sua função não deixou de ser útil às populações, porque são elas quem melhor conhece os seus problemas e anseios, e quem mais divulga o seu dia a dia, as potencialidades e realidades de cada região e ainda, nada dispiciendo, a opinião dos seus colunistas/ colaboradores. Mas se diminuírem drasticamente leitores, ouvintes e publicidade, não há milagres! E algumas dessas rádios e jornais, sucumbem.

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A CS, também não esteve imune aos efeitos desastrosos da omnipresente pandemia, atingindo em cheio, sobretudo, a imprensa regional ao ponto de, pelo menos 15 jornais, terem deixado de ser imprimidos. E outros, como aqui o velhinho e prestigiado “O Setubalense”, terem recorrido a recolhas de fundos.

Perante este quadro, o Governo decidiu, em forma de pagamento antecipado de publicidade institucional, auxiliar o sector em 15 milhões de euros. A forma como o fez, como foi atribuído esse dinheiro, é imagem de marca e retrata as opções fundamentais do partido que o suporta, o PS. Se não vejamos: mais de metade, foi apenas para 3 grupos. 3,5 milhões para a Impresa, dona da SIC, do Expresso e do jornal Blitz. 3,3 para a Media Capital, que detém a TVI, a Rádio Comercial e a M 80. E 1,7 para a Cofina, proprietária do Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record, e revistas Sábado e Flash.

Depois, 1 milhão para a Global Notícias, proprietária da TSF, Diário de Notícias e Jornal de Notícias. 480 mil para o Grupo Renascença. 406 mil para o Trust In News, dono das revistas Visão, Exame, Activa e Caras. 329 mil para o jornal “A Bola”. 315 mil para o Publico. 38 mil para o I. 28 mil para o Jornal Económico. E, finalmente, 1,7 milhões para as rádios locais e 2 milhões para a imprensa regional de todo o país.
Agora, cada um que faça o seu juízo sobre tudo isto. Sobre as opções do Governo. Sobre a influência que cada um destes grupos e dos media que controlam, têm na informação que chega aos portugueses, e a influência que ela exerce sobre eles. Sobre a opinião publica.

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Nós, já fizemos o nosso e já aqui o escrevemos; a subordinação dos partidos ditos socialistas, trabalhistas ou social-democratas, ao capitalismo, é o grande drama do povo, dos povos, dos nossos dias. Esta opção do Governo/PS é mais um exemplo disso.

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