Com a segunda vaga da pandemia a fazer sentir a sua força, o Estado, e em particular o governo e as autarquias, viram-se obrigados a calibrar de novo as medidas de combate à Covid-19, procurando um novo mix entre aquilo que é permitido fazer e a capacidade de resposta do SNS.
O descontentamento subiu de tom, como era previsível, especialmente entre aqueles que são mais afetados com as imposições de encerramento dos seus negócios. Quem tem o seu salário garantido no final do mês terá, porventura, dificuldade em perceber o desespero de muitos pequenos empresários que, com ou sem moratórias, têm obrigações, muitas obrigações, para honrar no final do mês. Com a sua faturação muito reduzida, ou nula, em alguns casos, o seu desespero é compreensível.
Acresce que a economia é uma gigantesca teia de aranha. Quando se puxa um fio, indiretamente afeta-se o conjunto. À volta de uma área de negócio que é condicionada pela pandemia, o turismo ou a restauração, para citar os exemplos mais óbvios, há uma vasta cadeia de fornecedores que sofre por tabela e que por sua vez tem impacto nas suas próprias redes de fornecedores. Uma gigantesca bola de neve em que a retração do consumo atinge muitas famílias.
O Estado, claro está, pode ajudar e tem ajudado. Infelizmente, os recursos são escassos. Se na primeira vaga o governo ainda conseguiu ir disfarçando o impacto da pandemia, nesta segunda onda de choque já é mais difícil. E sem que a União Europeia auxilie rapidamente as economias mais frágeis, entre elas a nossa, a realidade é que não se vislumbra nada de bom.
Por isso, por todas as razões, as notícias sobre a eventual comercialização, ainda que de forma faseada, de algumas vacinas contra a Covid-19, é uma pequena luz que se começa a ver no final do túnel. No meio de tão poucas boas notícias, bem que precisávamos de um pouco de esperança.