“Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”, Talmude
No dia 13 de Julho, Palmela, Aires e Setúbal estremeceram com um fogo imenso que varreu a Serra do Louro, o Vale dos Barris e a Serra dos Gaiteiros, locais preferenciais das minhas caminhadas habituais.
Eu próprio tive de me deslocar à quinta de um familiar em Palmela, onde as chamas também por lá andaram, com muita vegetação queimada, mas sem consequências de maior.
Inesperadamente uma árvore incendiou-se com uma rapidez impressionante e se não fosse a nossa intervenção rápida, as consequências teriam sido desastrosas, tendo em conta o local, a densidade arbórea e a proximidade de habitações.
Bombeiros, auto-tanques, sirenes, Canadair, etc.
Mas sempre, sempre os Bombeiros. Os Soldados da Paz desempenham uma acção corajosa, perigosa e determinada contra o fogo, esse agente tão temido e que tantas vidas inocentes tem ceifado, ao longo dos anos.
Neste verão de 2022 tivemos mais incêndios, muitas vezes perpetrados através de mão criminosa.
Incêndios um pouco por todo o lado em que a área ardida em Julho é o dobro da área total do resto do ano.
Hoje vamos centrar-nos na figura do Bombeiro. A primeira e mais importante pergunta que se deve fazer é a seguinte: o que faz correr esta gente, que arrisca a vida diariamente, no combate aos fogos florestais, muitas vezes ganhando uma miséria (e às vezes nem isso), em condições operacionais e logísticas muito aquém daquilo que seria desejável e expectável?
A resposta é muito simples: são pessoas com um enorme coração, uma dimensão pessoal que ultrapassa os limites da normal humanidade.
São, portanto, pessoas especiais sempre prontas a ajudar o próximo, seja em que circunstância for. São fortes, corajosos, destemidos, possuindo uma Alma do tamanho do Mundo.
Muitas vezes, esquecemo-nos de lhes dizer um simples Obrigado. Mas isso não os impede de continuar a trabalhar, continuando a salvar vidas onde quer que seja.
São merecedores do nosso respeito, carinho, admiração e apoio.
Quando um Bombeiro entra em qualquer lugar, o espírito das restantes pessoas eleva-se através da força que constitui o seu magnífico exemplo.
É para isso que lá estão e o que os motiva: salvar vidas. E preservar a floresta.
Um dia, conversando com um Bombeiro, ele disse uma frase que eu nunca esqueci: se o Inferno existe, então o Bombeiro já lá esteve. Os fogos são o que mais se aproxima dessa alegoria.
Quando temos conhecimento que uma grande parte da área total ardida da União Europeia continua a ser em Portugal, ficamos perplexos e indignados.
Sabendo-se que grande parte dos fogos é perpetrado por mão criminosa, entendo que, quem pega fogo à floresta, quer individualmente, quer obedecendo a uma lógica perversa de negociata, com terrenos e madeira à mistura, deve ser punido através de prisão efectiva, com serviço cívico diário que consiste em limpar as matas e plantar árvores, durante o todo o cumprimento da respectiva pena.
E portanto, relativamente a todos os Bombeiros Portugueses, parece-me importante dar-lhes referir que nunca lhes seremos suficientemente gratos por tudo aquilo que fizeram, que fazem e que continuarão a fazer, para bem de todos.
Um grande Bem Hajam, meus amigos.
Estou a pensar elaborar um projecto simples no qual os alunos sejam levados a plantar árvores autóctones, se possível com o apoio das Câmaras de Setúbal e Palmela e sob supervisão do Parque Natural da Arrábida, a fim de recuperar pelo menos alguma desta área ardida.