Passou um bem disputado período eleitoral. Passaram as eleições com boa participação, sinal de que o povo desejava mudar de vida.
A distribuição dos votos mostrou que entre o povo se agitavam várias orientações. Contam-se os votos até ao último, vindo dos confins da diáspora portuguesa.
Os partidos a que usualmente se chama “a esquerda” quase se somem e, como acontece pela Europa fora, nasce uma grande votação no partido que – entre nós – se designa de “extrema-direita”.
Tudo terminado estamos perante três grandes blocos: a tal extrema-direita, a chamada AD, uma associação de três partidos – um decrépito partido monárquico, restos de CDS com um bloco maior do partido do centro-direita, o PSD.
E aí estamos perante três blocos da população. Extrema-direita, com uns 50 deputados, a AD apenas com um deputado a mais sobre o PS saído duma maioria absoluta!
E temos a tomada de posse como primeiro-ministro do presidente do partido da força política mais votada (a AD), depois a posse dos seus ministros, e, depois, de mais de duas vintenas de secretários de Estado – empossados em belas cerimónias num ambiente apalaçado e solene.
O PS declara-se oposição, mas falando responsavelmente que apoiaria três ou quatro temas com que concordava, mas não assumindo mais responsabilidades para manter o Governo a pôr em prática o seu programa de direita, e os deputados do Chega, ou o seu presidente, põem-se ostensivamente como uma força à parte.
Se não me engano, hoje, quarta-feira, será apresentado na Assembleia da República o programa do Governo, congeminado no segredo dos Deuses. Certamente assistiremos hoje a uma melhor definição das posições dos três grandes blocos!
Entretanto, os representantes e protagonistas de alguns dos problemas de solução mais urgente vieram para as ruas gritar bem alto a urgência da solução das suas exigências e recordar as promessas feitas na campanha eleitoral Do que certamente vamos assistir, tivemos um pequeno aperitivo aquando da eleição do presidente da Assembleia da República!
Fazem-se apelos ao espírito democrático, à honestidade, à gravidade da situação do País e á gravíssima situação internacional! E põem-se sobre a mesa as contas publicas, os custos, os deficits, a inflação e não sei mais o quê, para o nosso primeiro-ministro dar seguimento às suas promessas e ao garante da sua palavra.
Eu só conheço os factos, ouvi as reivindicações e as promessas de soluções, ouço com atenção os comentadores e os técnicos e parece-me que o nosso primeiro-ministro (rodeado de gente de qualidade !) está enredado numa teia que nem o deixa esbracejar.
Que me perdoem os meus leitores, mas a situação é ingovernável mesmo com tanta gente com belos currículos. Verdadeiramente temos um desgoverno e não um governo!
Temos, certamente, à nossa frente uma vida política que fará o nosso dia-a-dia um “belo espectáculo” e uma verdadeira tragédia para cada um de nós que vivemos com o dinheiro “pelas franjas”.
Aí está um belo futuro! É bom que cada um comece a pensar em quem deve mesmo votar nas próximas eleições!