Desde o início deste ciclo de vacas gordas no turismo que tudo gira à volta desde, parece que a vida do país e das cidades começa e acaba com o turismo. Às vezes, vezes de mais, parece que isto vai ser sempre assim: crescer todos anos, cada vez mais turistas. De resto já sabemos, no turismo e no resto, quando a coisa vai com bons números, parece sempre que vai bem.
Tive a oportunidade e participar em Setúbal numa Conferência sobre turismo. Correu bem, como sempre, as perspetivas são boas. Enquanto assim for corre bem. Tenho para mim que falta fazer muito mais do que tudo o que já foi feito. Na verdade falta fazer quase tudo. Não dei por Setúbal e a sua fabulosa envolvente ter uma ação objetiva direcionada a esta transversal atividade e muito menos se sabe por onde anda a obrigatória estruturação do “produto turístico Setúbal”. Enquanto o “caudal” for volumoso a coisa disfarça. O pior vai ser na fase seguinte. É mesmo agora que Setúbal se tem de preparar para tratar tão importante sector da economia como deve, de forma integrada e concertada entre todos os atores formulando uma oferta para todos os targets que vierem a ser considerados como prioritários. As condições naturais (rio, estuário, mar, costa, campo, Arrábida, localização geográfica etc.) são excecionais, a geobiodiversidade também e tudo o resto para que o turismo tenha futuro Setúbal tem. Porque foi polémico o que afirmei sobre a Arrábida termino escrevendo que foi uma sorte e uma enorme oportunidade que a serra não tenha sido classificada pela UNESCO. Esta marca UNESCO está saturada e de pouco ou nada vale. Se pensarmos o setor automóvel, de longe o mais certificado de todos, e recordarmos o escândalo da VW e de outras marcas, podemos ter uma ideia aproximada do que vale a certificação e que garantias nos dá. Nada. Ao não “pertencer” à UNESCO a Arrábida acaba por se distinguir e de ter a oportunidade de mostrar o que vale, até por “orgulho próprio”. Queremos melhor? Porque esperamos?