Quero apresentar o meu reconhecimento aos homens e mulheres que constituem a grande equipa de protecção civil – bombeiros voluntários e profissionais, profissionais da ANEPC, do ICNF e da GNR, entre outros, onde incluo os autarcas -, que, no momento em que conduzem cidadãos a fugir do fogo, muitos deles, a maioria, avançam ao encontro dele.
Também a minha solidariedade aos operacionais feridos e aos familiares de quem sucumbiu ao serviço da comunidade.
Esta nota de apreço tem ainda mais significado quando estamos perante intervenções politicas oportunistas, e há diversos exemplos recentes, protagonizadas por exploradores do ressentimento, que com observações simplistas e generalistas, colocam em causa todo o edifício operacional de protecção civil e as pessoas que nele operam e que aqui já louvei.
Sobre o período mais crítico, que ainda não terminou porque Outubro tem feito grandes desafios, importa referir que 90% dos incêndios rurais foram combatidos nos primeiros 90 minutos. Há 10% que ultrapassando este tempo, têm de ser compreendidos, para que se encontrem respostas e formas de os estancar atempadamente, já estando em curso medidas nesse sentido, que são do conhecimento público.
O Governo fez por garantir a operacionalização do combate aos fogos rurais com o mais reforçado dispositivo de sempre e a prová-lo, relembro, os 60 meios aéreos, mais 12 do que há 5 anos, mais 7 centenas de veículos de combate e mais de 3000 operacionais, do que em 2017, ano de triste memória.
Mas, e há mesmo um ‘mas’ que parece que veio para ficar. Há uns anos a esta parte é notório que em cima da mesa estão realidades bem diferentes, que nem mesmo os negacionistas das alterações climáticas têm folgo para as minimizar.
É sabido que os países do norte e centro da Europa conheciam o fogo pelos acontecimentos dos países a sul. Actualmente a nova realidade trouxe-os para um patamar de intervenção absolutamente diferente.
A própria presidente da Comissão Europeia, num debate recente sobre o estado da União, e a propósito da aquisição de novos meios aéreos, que duplicarão a capacitação de ajuda da União Europeia, referiu que “nenhum país pode lutar sozinho contra estes fenómenos metrológicos extremos e a sua força devastadora.”
Este ano, em Portugal, vivemos temperaturas elevadas que chegaram aos 47 graus, ventos entre os 40 e os 60 quilómetros, seca, uma grande seca….
Será só este ano? Todos sabemos que não, as alterações climáticas com efeitos devastadores estão instaladas e exigem-nos outros paradigmas em diversas dimensões.
A consciência de que estamos perante caminhar para um futuro de incêndios extremos não deve afastar-se da nossa mente. Temos de ter consciência desta realidade para a podermos enfrentar, tanto mais que ainda temos 54% dos incêndios resultantes de negligência no uso do fogo.
Estes fenómenos extremos são “cada vez mais frequentes e mais intensos” e, portanto, o melhor tributo à protecção é prevenir, prevenir, prevenir… em muitas e variadas dimensões, sendo certo que a maior de todas é a de não ser possível exigir mais ao planeta. Ele não foi criado para aguentar com tanta exigência predadora.
Deputada do PS