Será possível o PSD não ter vergonha?!

Será possível o PSD não ter vergonha?!

Será possível o PSD não ter vergonha?!

20 Setembro 2022, Terça-feira
Eurídice Pereira

Era de facto impensável que na segunda década do século XXI um país europeu invada outro país europeu contra todas as regras do direito internacional.

A guerra causada pela Federação Russa, e condenada pela generalidade dos países da União Europeia, acelerou o aumento dos preços, incluindo em Portugal, que obviamente não é um país isolado do resto do mundo.

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Perante a necessidade de dar resposta a esta situação inflacionária, o Governo tomou as medidas que se justificavam, de natureza excecional, admitindo-se que serão temporariamente limitadas, esperamos.

De entre essas medidas incluem-se as que têm a ver com as pensões.

Tal bastou para que, numa lógica totalmente demagógica,  o PSD inundasse o país com cartazes a propósito de  alegada austeridade socialista, como se o Governo, com as medidas anunciadas, cortasse 1000 milhões de euros nas pensões!

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Um partido como o PSD, que se assume como desejando ser alternativa, não pode nem deve comporta-se de forma tão irresponsavelmente leviana e por isso merece forte crítica pelo desaforo.

Na verdade, é totalmente falso, como pretende o PSD insinuar, que a partir de 2024, os pensionistas venham a ter um pensão inferior à de 2023 ou que, no próximo ano, não haja aumento de pensões.

O que sucede é que não se poderia prever que a inflação no ano em curso fosse na ordem dos  8%.

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Quando  há alteração de circunstâncias entre quem assina um contrato, e que o digam os alunos iniciados em Direito, o mesmo, para ser cumprido, tem de atender às circunstâncias anormais que as partes não previram.

Sucede que a inflação tão significativa que a todos atingiu , resultou de um quadro anormal, imprevisto e tem de ser respondido em função disso.

Foi o que fez o Governo antecipando parte da pensão que seria para pagar para o ano, integrando metade já em outubro. Acresce que as verbas que serão adiantadas não são retiradas dos fundos alocados à Segurança Social, mas saem do orçamento geral de Estado. Isto para não afetar o pagamento de pensões futuras , razões que se prendem com a sustentabilidade da Segurança Social.

Os apoios extraordinários, resultado de uma alteração de circunstâncias que gerou a inflação imprevista , de 8%, tem de ter resposta como fez o Governo , com medidas conjunturais , para minorar o aumento do custo de vida , protegendo os pensionistas das suas pensões para o futuro. A inflação deste ano não pode nem deve ser encarada como uma inflação que se vai manter. É que se assim fosse nenhuma economia aguentaria. Mas, exatamente porque ninguém sabe o tempo destas consequências a precaução é boa conselheira.

O estranho e anómalo é ser o  PSD a assumir um outdoor que conduz à ideia que é o partido defensor dos pensionistas. Convenhamos que escasseia a vergonha!

A voz sábia popular sabe bem que o PSD pretende reafirmar é que os pensionistas ouçam o que ele diz mas não tenham presente o que ele levou à prática.

A verdade é que o  PSD, entre 2011 e 2015,  concretizou o Memorando “indo para além da Troika” , penalizando, como nunca, os pensionistas,  retiraram  os subsídios de férias e natal , cortaram nas pensões e suspenderam a lei de atualização das pensões, anos seguidos.  Infringiram dor, retiraram esperança. De tal ordem que a primeira Legislatura socialista teve ‘repôr’ como palavra de ordem.

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