24 Julho 2024, Quarta-feira

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Se as eleições fossem hoje, como ficaria Setúbal representado?

Se as eleições fossem hoje, como ficaria Setúbal representado?

Se as eleições fossem hoje, como ficaria Setúbal representado?

29 Outubro 2021, Sexta-feira

Vivemos tempos conturbados com a reprovação do orçamento de estado. Embora, mesmo com a possibilidade de um desaire, António Costa manifeste a intenção de se manter incrustado no poder na expectativa de dirigir a aplicação da bazuca, há a real possibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa dissolver a assembleia e convocar novas eleições.

Tal evento significa levar os portugueses novamente às urnas para legitimar uma nova solução de governo.

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E, o que quer isto dizer ao nível do distrito de Setúbal? Afinal, falamos apenas de política nacional, certo? Errado! Na realidade, as eleições legislativas são a oportunidade de os eleitores colocarem na assembleia alguém que defenda os interesses do seu distrito. A assembleia é representativa do território e, em particular neste caso, o distrito de Setúbal é representado por 18 deputados. São poucas as pessoas que veem as legislativas desta perspetiva pois, em regra, a comunicação social foca-se apenas nos líderes partidários e dá pouca ênfase às listas distritais.

Nas últimas legislativas de 2019, Setúbal ficou representado da seguinte forma: 9 deputados do PS, 3 da CDU, 3 do PSD, 2 do Bloco de esquerda e 1 do PAN. Foram eleitos pelo distrito algumas personalidades bem conhecidas, em alguns casos pelos piores motivos, entre elas, pelo PS, Ana Catarina Mendes, Eduardo Cabrita e João Galamba, pelo PSD, Fernando Negrão, pelo BE Joana Mortágua e, pelo PAN, Maria Cristina Rodrigues, a qual viria a desfiliar-se e a ficar como “não inscrita”. Portanto, Setúbal é responsável pela eleição de algumas figuras controversas como o ministro (Eduardo Cabrita) das golas, dos incêndios, do roubo do arsenal militar, do homicídio no SEF e consequente desmantelamento deste serviço, do realojamento forçado dos imigrantes em Odemira e do atropelamento mortal de um trabalhador na A6, ou o secretário de estado (João Galamba) do Lítio e do Hidrogénio com o fecho antecipado das centrais elétricas de Sines e do Pego. Se os habitantes do distrito soubessem o que estes personagens viriam a fazer, talvez tivessem votado diferente. Vamos ver como será o escrutínio nas próximas eleições. Contudo, para votar diferente é preciso que compreendam o impacto que o seu voto realmente tem e quem realmente estão a eleger.

Voltando aos interesses do distrito, fica o desafio, para o leitor e eleitor do distrito de Setúbal, de procurar perceber que propostas fizeram cada um destes 18 deputados, os quais, teoricamente, representam o distrito e, dessas propostas, quantas têm real impacto na realidade do distrito. Outro desafio é escrutinar o voto de propostas votadas na assembleia que impactam o distrito, como, por exemplo, a criação de uma NUTS II, o que iria beneficiar em muito a região da Península de Setúbal com a atribuição de mais fundos comunitários e com mais facilidade no acesso a estes.

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Fazendo uma análise de números, em 2019, o último deputado a ser eleito foi André Alexandre Pinotes Batista do PS com 16937 votos, cerca de 600 votos abaixo do valor com que foi eleita a ex-deputada do PAN. Foi, portanto este o limite para os partidos menos votados para elegerem 1 deputado. De fora ficaram 15 partidos, entre eles o CDS e outros dois que hoje se apresentam como candidatos à disputa de lugares nesta lista de 18 deputados, o CHEGA e a Iniciativa Liberal.

Dada a volatilidade política, em especial ao nível dos partidos menos votados, um exercício interessante de fazer é olhar para as autárquicas e até para as presidenciais e procurar extrapolar resultados. Se aplicarmos puramente os resultados das autárquicas, o que representa uma realidade completamente diferente das legislativas, é interessante ver que o PS e a CDU conseguiriam ambos 7 deputados, o PSD apenas 2 e, tanto o Bloco como o Chega conseguiriam 1 deputado cada. No entanto, o resultado de André Ventura nas presidenciais não pode ser descartado. Os perto de 43800 votos colocam o chegam entre os 2 e os 3 deputados eleitos pela região. Também é significativo perceber que, com a dispersão de resultados das autárquicas, o último deputado a ser eleito baixaria o número de votos para os 15500, valor que, atendendo à tendência de crescimento da IL, coloca, como distante, mas possível, a possibilidade de conseguir eleger 1 deputado. No sentido inverso temos o PAN que vê em risco a eleição de 1 deputado.

Havendo eleições em janeiro podemos então fazer o exercício de extrapolar para o distrito de Setúbal os seguintes resultados:

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PS entre 7 e 8 deputados. Esperemos que a qualidade destes melhore, será importante que o eleitorado de PS analise os candidatos propostos e faça o devido escrutínio.

CDU, visto a cristalização do eleitorado, é espectável que mantenham o mesmo número de deputados. Mesmo baixando em 10% será difícil perder 1 deputado. Contudo, a CDU poderá perder alguma votação para o Chega. No sentido ascendente poderá até haver a surpresa de aumentar em 1 deputado, visto que em 2019 o quarto deputado seria eleito se a quantidade de votos fosse aquela que já constatámos para a distribuição das últimas autárquicas, ou seja 15500. Assim, a CDU deverá ficar entre os 3 e os 4 deputados.

O PSD deverá crescer, o quanto é a grande questão destas eleições. Outra questão que impactará tal crescimento é a forma como o PSD se vai apresentar, ou seja, isolado sob a insígnia do PSD ou coligado com o CDS-PP. Ou até, num ato de loucura, coligado com o Chega. É complicado perceber o impacto de uma eventual coligação com o CDS nesta altura. É natural que o PSD consiga somar mais 1 deputado por Setúbal e é possível que, coligado, chega a conseguir ainda outro. Ou seja, o PSD deverá conseguir 4 a 5 deputados. Em contrapartida, o CDS, na sua trajetória descendente, não coligado não deverá conseguir eleger nenhum deputado.

O PAN tem em risco a deputada que elegeu em 2019, pelo que, em Setúbal, o resultado deverá ser entre 0 e 1 deputados.

O Bloco de Esquerda tem também vindo a traçar uma trajetória descendente e corre o risco de reduzir o contingente a 1, perdendo 1 dos 2 deputados eleitos em 2019. Tal representa um resultado de 1 a 2 deputados para o BE.

A grande surpresa, ou nem tanto, deverá ser o Chega. Considerando a evolução das votações, mesmo tendo em conta que são eleições presidenciais e autárquicas existem uma tendência que pode ser usada para inferir. Assim, é possível ao Chega, chegar aos 3 deputados. Ou seja, é provável que o chega consiga entre 2 e 3 deputados em Setúbal.

Outra grande dúvida é saber se a Iniciativa Liberal consegue acelerar o crescimento e duplicar o número de votos que Tiago Mayan conseguiu em janeiro passado. Algo que já foi visto entre votações e que poderá ser repetido. Sem o fantasma do apelo ao voto útil, caberá à Iniciativa Liberal encontrar um bom cabeça de lista e fazer uma campanha irreverente por todo o distrito, perdendo a tendência a se concentrar nos principais centros urbanos.

Em jeito de resumo fica o seguinte quadro com os resultados de 2019 e as previsões para 2022.

 

PS CDU PSD BE PAN CHEGA IL Total
2019 9 3 3 2 1 0 0 18
2022
Min 7 3 4 1 0 2 0 17
Máx 8 4 5 2 1 3 1 24
Aposta 7 3 4 1 0 2 1 18
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