Não é novidade nenhuma. Enquanto adeptos, passamos rapidamente de estados de euforia a depressão, e vice-versa, em curto espaço de tempo. Num dia achamos que somos invencíveis, no outro que estamos condenados ao fracasso. Sejamos sinceros. Precisamos de menos emoção e de um pouco mais de racionalidade.
Levanto esta questão a propósito da derrota da seleção portuguesa de futebol frente à equipa alemã, resultado que gerou uma súbita onda de pessimismo. Como se uma derrota, um dia menos bom dos jogadores e do treinador, não fosse perfeitamente aceitável frente à poderosa equipa germânica. Diria, aliás, que a derrota não poderia ter ocorrido em melhor momento. Nesta altura, ainda em fase de grupos, vamos a tempo de corrigir opções táticas (treinador) e dosear euforias (jogadores e adeptos).
Acresce que importa recordar que neste Euro estamos no que se apelidou de Grupo da Morte. A vitória confortável frente à Hungria, de certo modo enganadora na dimensão do resultado, parece ter gerado alguns equívocos, agravados pela faceta conservadora e resistente à mudança do treinador Fernando Santos.
Dito isto, na realidade nada mudou do ponto de vista da qualificação. A seleção portuguesa continua a depender apenas de si própria para passar aos oitavos de final. Importa, naturalmente, corrigir algumas opções táticas e, claro, abordar o jogo com a França com o realismo que, nalguns momentos, faltou na partida com a Alemanha.
É certo que as estatísticas não ganham jogos, nem contam necessariamente a história de um jogo. Ainda assim, convém lembrar que Portugal, além de ser detentor do título europeu, se encontra no lote restrito das seleções nacionais que marcaram presença consecutiva nas últimas sete edições da prova.
Dito de outro modo, a nossa presença não é fruto do acaso, ou um evento isolado. Os nossos jogadores têm enorme valor. Por isso, como não acreditar que passaremos aos oitavos de final?