Religião ou superstição?

Religião ou superstição?

Religião ou superstição?

15 Maio 2018, Terça-feira
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Quantas vezes já ouviu dizer que se cruzar um gato preto à sua frente vai ter azar? Quantas vezes se recusou a passar por baixo de um escadote?
Mesmo nos chamados tempos modernos em que a objectividade e a racionalidade são mais valorizadas, são raras as pessoas que não nutrem secretamente crenças irracionais ou superstições.
As superstições servem muitas vezes para satisfazer necessidades emocionais do indivíduo como a rejeição, a solidão e o fracasso.
Para lidar com emoções como o medo e a ansiedade, reforçadas pela predisposição humana para a fantasia e para a preguiça mental, recorrem aos encantamentos e aos amuletos, aos rosários de contas pendurados por aí e medalhinhas exibidas em redor do pescoço.
Também a ideia de nós sermos os únicos responsáveis pelo nosso destino e que Deus nos deu o Livre Arbítrio é assustadora para alguns. Muitas pessoas procuram refúgio em crenças e depositam a sua confiança em coisas absurdas, sem nenhum nexo .
Nalguns casos o medo leva a que entreguem todo o seu pensamento crítico a um líder, guru que se lhes ordenarem passar um cheque, obedecem sem hesitação, porque recusar significa terem que enfrentar a própria liberdade.
Uma lógica desleixada tão fácil que não é de admirar que muitos lancem mão nela.
A predisposição para o mágico e o fantástico é reforçada pelos média em particular pelas televisões e pela indústria cinematográfica.
Os média vivem para os desejos de entretenimento das suas audiências, pelo que, dado o amplo fascínio com a magia, lançam uma corrente constante de filmes e mini séries e notícias devotadas ao tema.
Estes programas abordam tudo, desde vampiros e espíritos até conspirações irracionais e a intervenção de anjos. Esta atenção contínua para com o fantástico aumenta a aceitação pública e explicações supersticiosas.
Crendices e superstições, fantasmas, almas penadas, sacrifício para salvação, entre outro tipo de crenças não tenham nada a ver com o Cristianismo.
Deus é omnipotente, omnipresente, omnisciente, imutável e eterno.
Quem é de Cristo não fica por ai às voltas à espera de reencarnar procurando um “milagreiro “ para fazer o bem à procura de pagar os seus pecados.
Quando Deus perdoa não faz por metade. Quando salva não o faz por metade.
O sacrifício necessário à nossa salvação foi feito na cruz do calvário por Jesus. O povo de Deus não ficará errante no mundo “sobrenatural “, esperando vez para ser purificado.
Por isso convém não esquecer que somos salvos não apenas pelas boas obras. O homem não pode comprar a sua própria salvação.
Quem tem fé não pode acreditar numa vida eterna, cheia de pesar, de sentimentos de culpa, de necessidade de voltar à terra vezes sem conta. Vida eterna significa que Deus é Amor e que anseia fazer-nos felizes apenas e só n´Ele .
Nas palavras de Jesus não encontro nada que tenha a ver com magias, ocultismos, feitiçarias. Jesus vem-nos dar uma nova perspectiva de vida baseada na confiança do Pai, na intimidade da Santíssima Trindade. São Paulo adverte-nos para que rejeitemos os ídolos e as vãs doutrinas (Gálatas 3, 1-5).
E Santo Agostinho adverte-nos de que “o coração humano tão sequioso de amor só encontra descanso em Deus “. O ser humano só se plenifica na intimidade com Deus. Tudo o resto é engano.
Deus dotou-nos de razão e livre arbítrio para que possamos criar o nosso caminho sermos responsáveis pelos nossos actos, livres de pensamento.
O escravo da superstição entrega-se a regras que não podem ser questionadas, uma moral coerciva baseada na culpa, no medo, na ameaça.
Há uma tendência à repetição de comportamentos exercidos pelo grupo numa tentativa de se enquadrar num modelo social já realizado.
O submisso da crendice tem tendência ao sectarismo – exclusão de pessoas pertencentes a outros grupos ou que não partilham das mesmas ideias.
Preconceitos que transformam homens em seres mecanizados guiados pelo medo que origina, conserva e alimenta a superstição.
Quem acredita em superstições e crendices vive as presas das suas próprias alusões e crenças por elas mesmo criada.
O psicólogo americano Michael Shermer que se dedica ao combate a superstições afirma que desde há 25 anos que o irracionalismo tem vindo a aumentar. Cada vez mais se acredita nas experiências extra-sensoriais, bruxas, alienígenas e discos voadores.
O “crendeiro” está em toda a parte, em qualquer meio social, entre o povo e a alta sociedade, entre pobres e ricos, ignorantes e eruditos.
Santa Teresa de Ávila disse “Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta”, que bom seria se todos assim pensassem.

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