As eleições do último domingo deixaram um recado muito claro aos partidos políticos de esquerda: os portugueses estão cansados. E estão cansados das promessas que foram feitas ao longo dos últimos 50 anos e que nunca se concretizaram.
O distrito de Setúbal foi um dos símbolos maiores da vitória do CHEGA e, consequentemente, da enorme derrota da esquerda e da extrema-esquerda. Depois de, ao longo de cinquenta anos, os eleitores terem dado a sua confiança a PS, CDU e Bloco de Esquerda, chegaram à conclusão de que já não valia a pena continuar a dar o seu voto a quem não merecia.
A verdade é que, pela sua proximidade geográfica com Lisboa, o distrito de Setúbal tinha tudo para ser um dos mais importantes distritos do país. Era expectável que, 50 anos depois da Revolução dos Cravos, o distrito fosse um farol da economia nacional e do desenvolvimento social. Mas não. A grande maioria dos concelhos são apenas dormitórios para aqueles que lá vivem, mas que todos os dias atravessam o rio Tejo para a margem norte para trabalharem. Porquê? Porque o distrito de Setúbal estagnou devido à inércia do poder local que, tendo sido sempre de esquerda, não foi capaz de implementar medidas de real desenvolvimento económico que permitisse aos habitantes fazerem a sua vida na margem do Sul do Tejo.
Durante a campanha para as eleições do último domingo, visitei várias cidades do distrito e em todas elas encontrei ruas quase vazias, pouco movimentadas. Quando perguntei ao dono de um café por que havia tão poucas pessoas na rua, ele respondeu-me que era “normal”, porque o concelho era apenas um “dormitório”, visto que a larga maioria das pessoas trabalha em Lisboa e, por isso, só regressa à Margem Sul do Tejo ao fim do dia.
É triste ver concelhos com um enorme potencial estarem tão abandonados à sua sorte, tal como é igualmente triste e preocupante caminhar nas zonas antigas das cidades e descobrir que as mercearias, barbearias, restaurantes ou lojas de venda de produtos informáticos estão nas mãos de imigrantes indostânicos. No Barreiro, por exemplo, entrei numa barbearia onde era impossível permanecer devido ao intenso cheiro a caril que se fazia sentir. E porquê? Porque estes negócios são apenas fachadas que permitem enganar o sistema e alimentar o tráfico de pessoas e ninguém, além do CHEGA, parece estar preocupado com esta situação.
Se um português tiver um negócio aberto ao público tem de cumprir um sem fim de obrigações e de orientações de higiene, mas uma barbearia cheirar a caril já ninguém se interessa, nem mesmo a ASAE que parece só funcionar para os portugueses. Mas isto vai mudar.
E vai mudar porque nas eleições autárquicas, o CHEGA vai ter um papel preponderante naqueles que serão os destinos dos vários concelhos e freguesias e o distrito terá, finalmente, quem lute pelos portugueses e, acima de tudo, que lute pelo distrito de Setúbal e que o faça rivalizar com o distrito de Lisboa.