A imprensa regional é insubstituível. E “O Setubalense”, um seu lídimo representante, evidentemente, também o é. É, não só por se tratar do mais antigo jornal de Setúbal e um dos mais antigos do país, mas por mérito próprio. É o mais completo jornal do distrito. Daí; “O Seu Diário da Região”.
Na edição de terça-feira passada, entre diversas notícias relevantes, como a de estarem abertas vagas para 80 médicos nos hospitais do distrito de Setúbal, o Moscatel Ermelinda Freitas que venceu o prémio de Melhor Vinho Generoso no Concurso da Comissão Vitivinícola de Setúbal, a empresa sadina Etermar que ganhou concurso internacional para uma obra no Perú no valor de 11 milhões de euros, o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, a dizer, e bem, que “ O Governo deve pensar numa rede pública de lares e ampliar respostas existentes das IPSS”, uma reportagem sobre a última edição da Festa do Avante, e quem é que sabia que a única oficina de latoaria existente em Setúbal, poderá encerrar? Ficaram a saber, pela pena e reportagem de Maria Carolina Coelho, os leitores deste jornal.
E é sobre esta possível triste notícia que nos queremos pronunciar.
Num mundo onde impera o plástico, tanto dele ,depois de utilizado que não é reciclado nem depositado nos locais apropriados, representando assim um dos mais graves problemas ambientais ( há milhões de toneladas no mar), todas as alternativas a este material, devem ser preservadas e até aumentadas. A latoaria é uma delas.
Tal como se diz na reportagem, o senhor Jorge Varandas, 68 anos, latoeiro, é o proprietário da referida oficina situada no número 26 da Rua Capitão-Tenente Carvalho Araújo, nas traseiras da estação rodoviária, fabrica os mais variados utensílios, como baldes, regadores, caldeiras, cataventos. Fazendo ainda trabalhos de reparação. Queixa-se que a procura pelos seus artefactos , também devido à pandemia, tem diminuído. Muitos dos seus clientes eram turistas. Agora, como se sabe, são poucos. Para agravar a situação que poderá ir até ao fecho da oficina, o prédio onde a mesma se situa, foi vendido, deram-lhe cerca de três meses para abandonar o espaço e ainda não conseguiu outro.
Diz o senhor Jorge que gostava de ensinar a sua arte e até sabe de pretendentes.
Dizer ainda que para além desta arte se poder perder em Setúbal, e ao contrário dos utensílios fabricados em plástico, a latoaria é de duração quase eterna e não poluente. Portanto, a questão que se coloca é esta: se é crucial preservar-se o ambiente já tão degradado, conter e inverter o desemprego, irão as autoridades deste país do ramo do Trabalho e da Segurança Social, negarem apoio a este trabalhador e deixarem morrer esta arte em Setúbal? A Autarquia e outras entidades locais, não poderão também fazer qualquer coisa?
Mais um exemplo da utilidade deste jornal. Através dele, aqui fica o apelo não só a bem do senhor Jorge Varandas, mas também dos seus potenciais clientes, da cidade e do ambiente.